01/07/22

"O mapa não é o território"

A frase, de Alfred Korzybski, explica como apesar de termos semelhanças estruturais como seres humanos, cada pessoa tem o seu próprio mapa sobre o funcionamento do mundo. De facto, o mapa não é o território. Existem territórios, verdade físicas, do mesmo modo que existem crenças e convencimentos pessoais.

“Uma crença é uma teoria sobre o mundo, porém não é o mundo. Chamamos-lhe precisamente crença porque ainda que só consista numa pressuposição, é algo que nos convence a nós mesmos, que nós acreditamos, mesmo se isso nos limita"... “O conhecimento implica verdade; a crença, pelo contrário, não.” (Xavier Guix, Ni me explico, ni me entiendes - Los laberintos de la comunicación, p. 28-29)
As crenças podem ser irracionais (limitantes) ou racionais. As crenças têm origem na educação recebida durante a infância, nas experiências e situações vivenciadas, induzidas por líderes sociais e políticos ou veiculadas pela propaganda e publicidade que nos fazem acreditar em realidades inexistentes ou em falsas necessidades. Como quase todas as condutas humanas, também as crenças se fazem por aprendizagem social ou modelagem. (Bandura)
Muitas vezes estas crenças impedem-nos de fazer o mapa da realidade que nos permita viver de uma forma equilibrada,  enfrentar novos desafios  e desenvolver novas capacidades. 

O filósofo Epicteto afirmou, no ano 80 da nossa era, que não são os acontecimentos que perturbam os homens mas a perspectiva que têm deles. O psicólogo Albert Ellis considerou que não era suficiente ter consciência dos problemas uma vez que resolvendo um problema o paciente colocava outro no seu lugar. (O Livro da Psicologia, p. 142-145)
Perante as adversidades, temos tendência para tirar conclusões negativas dos acontecimentos da nossa vida. Reagimos automática e irracionalmente o que reforça o modo de pensar. Convencemo-nos de que está justificada a má opinião de nós mesmos e do mundo.
Mas também podemos considerar respostas novas e racionais que nos podem ser úteis e benéficas. O pensamento racional tem, assim, efeito contrário ao pensamento automático, sendo benéfico para o Eu.
 
Perante uma adversidade como ficar sem trabalho, o pensamento irracional é: “não valho nada”, “não voltarei a encontrar trabalho”, “estou deprimido e angustiado”...
Em vez disso, o pensamento racional diz-me que posso encontrar outro trabalho e não é razão para ficar assim.
Numa desilusão amorosa a pessoa pode sentir-se triste e rejeitada. No entanto, coisa bem diferente é criar um sistema de crenças em que a pessoa se deprima e se auto-avalie como incapaz de resolver a situação.  
 
O mapa não é o território, remete-nos para um problema de comunicação.
Por muito que custe a crer que os outros não vêem as coisas como eu vejo, o certo é que cada um de nós experimenta a vida segundo o seu mapa convertendo-se na sua verdade.  
Daí que seja tão difícil comunicar quando cada um tem o seu mapa que não corresponde à realidade, ao território. 
Se o mapa não é o território para quê empenhar-me tanto em que os outros vejam as coisas como eu ou estejam de acordo comigo? (X.G.) Por que não experimentar colocar-me no ponto de vista do outro, colocar-me nos sapatos do outro? A realidade é a mesma embora possamos usar mapas diferentes para a compreender.
 
 


  

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