10/03/22

“Todos os ditadores são lineares”



Por que  surgem sempre novos ditadores ? Por que a educação não leva a evitar os erros do passado e a criar seres humanos que sejam melhores para o seu semelhante ?

A psicologia e psicopatologia do pensamento ajudam-nos a compreender o funcionamento mental destas pessoas.


Para Augusto Cury, existem três tipos de pensamento: um inconsciente, o pensamento essencial, e dois conscientes, os pensamentos dialéctico e antidialéctico.

O pensamento essencial está na base da formação do pensamento antidialéctico e, posteriormente, do dialéctico. É o primeiro resultado da leitura da memória e é fundamental na construção dos pensamentos conscientes: interpretações, compreensão, definição, conceituação. (p. 138)

A criança começa por ser perguntadora, no jardim de infância, e a pouco e pouco durante a educação escolar vai fazendo menos perguntas. No secundário isso verifica-se ainda menos e  quando chega à universidade deixa de haver perguntas. (p. 140)

O processo de socialização - educação na família e na  e na escola -  faz o seu trabalho. “Muitos pais corrigem os seus filhos sem refletirem sobre o instrumento de correção  que usam...”. 

“Tais pais desconhecem que sob o enfoque da gestão da emoção  deviam usar também o pensamento antidialético para pensar antes de reagir e olhar os seus filhos com generosidade. Pais que são excessivamente lógicos, cartesianos, enfim, dialéticos são também intolerantes e, ao corrigir os efeitos, em vez de deterem as causas de determinados comportamentos, bloqueiam a formação de mentes livres, resilientes e maduras.” (p. 132)

Ou seja, o pensamento dialético é muito importante mas “precisa do pensamento antidialético para ter profundidade; caso contrário torna-se superficial, parcial, frio.”

Por sua vez, o pensamento antidialético também precisa do pensamento dialético para ser fonte de criatividade produtiva e útil; caso contrário leva ao desenvolvimento de uma imaginação autodestrutiva.” (p.137)


“Todos os ditadores experimentaram limitações cognitivas importantes após ascender ao poder. Construíram um raciocínio simplista, parcial, tendencioso, egocêntrico. Tiveram uma racionalidade abaixo da média, mas uma voracidade pelo poder muitíssimo acima da média. Foram hábeis no uso de armas mas não na gestão da emoção. Foram mais hábeis ainda a construir fantasmas emocionais no inconsciente coletivo com discursos paranóicos. Normalmente são o assombro e a passividade do povo que alimentam os ditadores, principalmente no início do processo ditatorial quando estes são mais frágeis.” (p. 141)

Estaline, “serviu o seu próprio ego e ideias, porém não o seu povo. Como  qualquer ditador com limitações cognitivas, era paranoico, sentia-se perseguido pelos monstros que ele mesmo criava no teatro da sua mente. A necessidade neurótica de poder encarcerou o desenvolvimento saudável do pensamento antidialético. Estaline não conseguia pôr-se no lugar dos outros e pensar antes de reagir, reagia como animal irracional."  (p. 141-142)

"Hitler era um  analfabeto emocional,  desconhecia a  linguagem da compaixão, da generosidade, do altruísmo, da serenidade." (p. 143)


Diz-nos Cury: “Sem o pensamento antidialético não há gestão da emoção; sem gestão de emoção a nossa espécie ainda chorará lágrimas incontidas.” (p. 143)

Nem mais. Acontece neste momento, por todo o mundo, devido à guerra na Ucrânia.

 

 

 

Até para a semana, com muita paz.






 

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