30/08/20

Ernesto Melo e Castro


Trabalhei com Melo e Castro no Gabinete de Defesa do Consumidor, na Direcção de Serviços de Orientação de Consumos. Gostei deste tempo maravilhoso. Gostei de trabalhar com ele. Por isso é de tristeza que me queixo da sua ausência. 
Foi ele que me alertou para o livro "A manipulação dos espíritos" (Dir. Alexandre Dorozynski) e com ele aprendi que havia um caminho estreito entre "orientação", neste caso de consumos, e "manipulação". Como hoje se tornou tão evidente com a política execrável de políticos que gosta(va)m de nos "orientar" em relação a tudo o que fazemos, bebemos, comemos... a toda a nossa vida íntima, social, cultural.
Sempre me deixou liberdade para trabalhar nos projectos que era necessário elaborar. Foi assim que colaborei com Manuel Barão da Cunha e escrevi um pequeno opúsculo sobre a prevenção do tabagismo.
E depois havia a poesia, experimental, mas sempre poesia, erótica mas poesia, visual mas poesia, concreta mas poesia... 
Engenheiro têxtil e engenheiro das palavras.
"... magnífica vida que tem sempre uma respiração em cada hora,
um contentamento em cada ser
e uma sempre nova promessa no ar não respirado." 
Autologia (pag. 36).

Até sempre.








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