"No mundo desenvolvido, a ansiedade é
o transtorno* psicológico mais comum, seguido da depressão e do abuso de
álcool e das drogas.
A ansiedade é uma ameaça presente ao longo de
toda a vida do indivíduo. Prognostica-se que 14 por cento da população a
experimentará num dado momento...
…a ansiedade é uma emoção que nos é familiar.
Quase toda a gente se sentiu nervosa ou cheia de angústia num dado momento, com
razão ou sem ela.” (Pilar Varela, p. 21)
Dada a generalização da ansiedade, grande parte
da nossa vida é passada a procurar gerir esta ansiedade através de estratégias
terapêuticas que a possam controlar, manter ou reduzir, de forma a podermos
viver a vida com mais equilíbrio e maior participação social.
Assim, são imensas as possibilidades de cada um
poder lutar contra esta situação e poder decidir quais as formas que se adaptam
melhor ao seu caso.
Temos aqui falado de algumas. Gerir a ansiedade,
dadas as diferentes situações emocionais por que passamos durante o dia ou por que
passamos ao longo da vida não é fácil, mas é possível.
Em algumas situações não podemos prescindir das respostas disponibilizadas pela medicina em que os ansiolíticos desempenham um papel importante. Claro que se deve evitar a automedicação e seguir uma estratégia definida com o médico.
Mas há muitas outras situações em que a terapia psicológica pode ser necessária. Das estratégias psicológicas que podemos adoptar talvez as mais conhecidas sejam as terapias cognitivo-comportamentais (TCC), como a programação neurolinguística (PNL).
Muitas outras estratégias podem depender apenas de cada indivíduo e de cada situação. Para controlar e reduzir a ansiedade, em grande parte das vezes, seria suficiente fazer pequenas alterações nos nossos hábitos quotidianos.
São exemplos disso, as técnicas de relaxamento e
meditação, uma boa gestão e organização do tempo, comunicação equilibrada na família e no
trabalho, alimentação e sono equilibrados… O desporto e as artes são boas
maneiras de reduzir a ansiedade, assim como as férias, a ocupação dos tempos livres, o
ginásio verde (trabalho na quinta ou na horta), as actividades manuais (ergoterapia), ou o consolo da filosofia...
Escrever pode ser uma forma de sentir tranquilidade,
como a terapia com mandalas, a pintura, a dança a música e o teatro... todas as artes
podem ser verdadeiras terapias ("Desenho, pinto para me descondicionar" - Henri Michaux)
Pilar Varela refere sete estratégias psicológicas para lutar contra a ansiedade:
Interpretar correctamente as coisas: temos várias
maneiras de olhar o que nos acontece, e também aquilo que não
sabemos se alguma vez irá acontecer.
Desterrar os pensamentos ilógicos: o nosso
pensamento é, muitas vezes, distorcido e exagerado.
Descobrir e expressar os sentimentos: a ansiedade
de pende da emoção quer quando a ansiedade provoca a emoção quer quando a
emoção provoca a ansiedade
Saber ser assertivo: exprimir os seus
sentimentos, nem ser submisso, nem agressivo, nem manipulador
Aprender a ser sossegado: aprende-se através de
técnicas como a meditação e o relaxamento
Cuidar da alimentação: estamos cansados de saber
a importância de estilos de vida saudáveis, atenção aos excessos: nicotina, álcool, açúcar, sal, estimulantes...
Ser cauteloso com os medicamentos: acima de tudo
terem conta que devem ser prescritos pelo médico.
No próximo programa iremos falar da meditação com
atenção plena, no sentido oração/meditação (John Main) dando
relevo ao significado profundo dessa experiência.
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* Usam-se indistintamente os termos «transtorno», «distúrbio», «perturbação». No Prefácio à Edição Portuguesa do DSM-IV, refere-se que o termo mais adequado é «perturbação»: "... a designação «perturbação» possui campo semântico mais vasto, denotando uma mudança de estado com alteração das condições de equilíbrio, mas sem as conotações sociais negativas de «distúrbio».
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