30/07/16

Liberdade de escol(h)a

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No Expresso (23/7/2016), Luís Cabral desmonta a encantadora afirmação, do PS, de apoio à  "Marcha em defesa da escola pública", onde se  afirma que "a escola pública não escolhe alunos, a escola pública é para todos e é a única que garante igualdade de oportunidades. A escola pública é de todas as cores da democracia". 
"Duas frases com pelo menos três erros.
Em primeiro lugar, as escolas públicas têm capacidade limitada, pelo que escolhem em função da residência. Isto favorece os alunos que vivem junto das escolas melhores, bem como os alunos com uma 'tia' que vive junto dessas escolas.
Em segundo lugar, e apesar das diferenças de prestação, é notória a uniformidade de todos entre escolas publicas. Fala-se de "todas as cores da democracia" quando realmente estamos perante o Ford Model T: "any color you want so long as it is black". As escolhas curriculares, a estrutura dos exames, as normas de disciplina - quase tudo é decidido pelos illuminati da 5 de Outubro. (Em anos recentes, as condições de escolha e flexibilidade melhoraram um pouco, mas a minha caracterização da escola pública mantém-se essencialmente válida.)
Em terceiro lugar e este é o ponto que mais me interessa hoje — a afirmação de que "a escola publica é a única que garante igualdade de oportunidades" reflecte a confusão, entre dois conceitos relacionados mas distintos: o ensino publico e a escola pública.
...
Partilho 100% a visão do PS de um projecto de acesso universal ao ensino de qualidade num contexto de liberdade de escolha. Por isso acho particularmente chocante que o tal comunicado afirme que "defender a escola pública é defender a liberdade de ensinar e de aprender para todos. Por favor!".
A ideia de ensino público por iniciativa privada não é uma contradição de termos nem uma quimera. Uma proposta concreta a criar escolas charter de dois tipos. O tipo A corresponde a escolas públicas que se tornam autónomas do sistema das escolas públicas. O tipo B corresponde a escolas privadas que aceitam os três pontos fundamentais acima indicados (isto e, funcionar efectivamente como escola pública para efeitos de admissões e propinas). 
Dito tudo isto, quem são afinal os defensores acérrimos da escola pública? Em primeiro lugar, os que têm claros interesses pessoais em jogo, começando com o sindicado dos professores (que, numa postura hipócrita cada vez menos disfarçada, garante que é tudo uma questão dos "interesses dos alunos"). Em segundo lugar, os que encaram a escola pública como instrumento de engenharia social: o caminho para moldar a nova geração pelos contornos de uma ideologia específica.
Finalmente, temos um terceiro grupo - maioritário -  para quem a escola pública e o ensino público são a mesma coisa - o que não é verdade."


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