09/07/14

Para lembrar...

Terra


José Delgado Domingos, ex-professor catedrático do Instituto Superior Técnico (IST) e figura de referência na área do ambiente. Faleceu aos 79 anos.
O pensamento de Delgado Domingos interessa pelas suas posições relativas à crise energética mas também pelas suas posições corajosas contra o messianismo.
Desde logo contra o messianismo climático. Em artigo de opinião recente alertava exactamente as  proclamações que relacionam as alterações climáticas e as emissões de CO2.
Tem havido toda a espécie de grupos de interesses ligados a esta questão que “que atacam os que põem em causa as suas conclusões ou a pertinência das suas medidas, como sendo anticiência ao serviço das petrolíferas, das multinacionais do carvão, ou de interesses obscuros."

Põe em causa a cumplicidade entre os yes men e os governos: "Em nome de riscos incertos no futuro, fugiu-se aos problemas conhecidos e bem documentados do presente. Questões prementes quanto à sustentabilidade de recursos finitos, de justiça social e de alterações climáticas locais foram ignoradas ou subalternizadas, esbanjando recursos escassos que poderiam ter sido utilizados para os minimizar."

Tem uma visão dos desastres climáticos diferente do mainstream: os furacões Katrina ou Sandy… ou os "que resultam de ondas de calor e de frio têm pouco ou nada que ver com emissões de CO2, mas sim com a criminosa imprevidência que a ganância ou a ignorância provocam.
Invocar tais desastres como efeito de emissões de CO2, apenas serve para impedir a clara identificação e responsabilização dos verdadeiros responsáveis."

Critica a teoria de Keynes, que alguns agora voltam a achar que é a solução para a economia. Tal filosofia é, porém, o cerne ... que conduziu a esta situação.

E há alternativas “se quisermos ir à raiz dos problemas”.

Mas não queremos dar-nos a esse trabalho e é por isso que os fundamentalismos surgem em sítios onde pouco esperamos e as guerras não deixam de fazer parte dos noticiários.
É espantoso como, por cá, voltou o messianismo. E aceita-se isto como um fatalismo Temos um salvador. Um homem que tem estofo de ganhador e capaz de resolver os "nossos" problemas. É preciso que fique à frente dos nossos destinos. Como se as alternativas tivessem acabado. 
Como se não houvesse coligações, acordos governamentais noutros países que funcionam... Para os salvadores messiânicos tudo depende de um homem desde que ganhe por uma maioria absoluta.
E já se sente o cheiro, à distância, da despesa que aí vem. Para já, é só pedir: sai um ministério da cultura ali para os 600 cultos do país. Sai uma regionalização ali para os bons burocratas que não a esqueceram.
O serviço nacional de saúde deixará de ter problemas e o estado social dará a todos aquilo que eles necessitam.
Mas … há sempre um mas. A democracia está mais crescida graças ao contributo de pessoas como Delgado Domingos.

Por isso, muitos de nós não fazem parte deste contexto messiânico. Não! Al Gore não sou eu e tu! Mas é verdade que há verdades inconvenientes.

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