Continuo hoje a defender a relevância que as artes devem ter no currículo escolar.
A poesia "felicidade", de Vinicius de Morais, tem um verso que diz "tristeza não tem fim, felicidade sim". No entanto, pode acontecer que seja cada vez menos real se soubermos distinguir o importante do essencial e se soubermos dar importância às artes na nossa vida. Dessa forma a felicidade será mais duradoura.
Investigações recentes vieram mostrar essa relevância para a aprendizagem e estrategicamente as artes são um contributo significativo para a felicidade das pessoas.
Conhecemos por experiência própria os efeitos que a música provoca na nossa personalidade. A música pode ajudar-nos a ultrapassar algumas situações desagradáveis: acalma-nos quando estamos nervosos e ansiosos, ajuda-nos a relaxar e a ficar mais tranquilos, a sentir alegria e prazer quando estamos tristes, ajuda-nos a ultrapassar os nossos lutos. Também pode provocar emoções: podemos sentir tristeza, alegria, angústia quando ouvimos determinadas músicas.
Na realidade temos algumas evidências de que é assim. Há fundamentos biológicos que nos ajudam a compreender o que se passa.
Investigações revelaram que a música ao actuar no SNC aumenta os níveis de endorfinas, assim como de outros neurotransmissores como a dopamina, a acetilcolina e oxitoxina. (1)
Como se sabe as endorfinas dão motivação, energia perante a vida e alegria e optimismo diminuem a dor e contribuem para a sensação de bem estar estimulam os sentimentos de gratidão e satisfação existencial.
Num estudo de A Goldstein, metade das pessoas estudadas experimentava euforia enquanto ouvia musica. (1)
Outro estudo de 1996 a estimulação da musica aumenta a libertação de endorfinas e diminui a necessidade de medicamentos e é também um meio para se abstrair da dor e aliviar a ansiedade.1
Na Universidade de Michigan (EUA), médicos pesquisadores descobriram que o som da harpa alivia os pacientes portadores de sintomas histéricos e que os solos de violino podem eliminar dores de cabeça e diminuir a enxaqueca.(1)
Num estudo de 2001, mostra-se que as respostas prazerosas à musica estão correlacionadas com a actividade das regiões do cérebro implicadas nos mecanismos de recompensa e emoção, entre os quais se encontra a amígdala, o córtex pré-frontal, o córtex orbifrontal e outras estruturas que também se activam em resposta a outros estímulos indutores de euforia como a comida o sexo e as drogas. (1)
Sabemos hoje que a música é um primeiro meio de expressão que serve para comunicar.
A musica precede a linguagem e era utilizada pelos grupos de hominídeos quando ainda não sabiam vocalizar (tese de Steven Mithen). (1)
Podemos verificar em qualquer criança de 8-9 meses que ao ouvir música a criança é capaz de reagir à música pois sabe que essa é uma forma de comunicar e, com o balanceamento do corpo, mostrar que identifica aquela situação que é também prazerosa.
Ao contrário do que pensávamos a música não teria a ver apenas com uma questão cultural mas também com uma questão genética e haveria uma predisposição para o gozo artístico situado nos genes.
Em tempos de dificuldades a música pode ser um bom calmante para prolongarmos a felicidade e o verso de Vinicius ser menos verdadeiro.
(1) Referido por Punset, E. - El viaje a la felicidad - Las nuevas claves cientificas.
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