Chegam-nos notícias confrangedoras:
"Uma professora de Geografia da Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, no Porto, foi anteontem agredida "à bofetada e dentada" pela avó de um aluno de 15 anos, que frequenta o 10º ano do curso profissional de Turismo. A docente vai apresentar queixa à polícia amanhã.
A agressão à docente, de 53 anos, foi presenciada por vários alunos e aconteceu mesmo à porta da escola, quando a professora foi surpreendida pela encarregada de educação. A vítima preparava-se para sair num passeio de estudo ao Palácio de Cristal.
"A senhora começou a berrar e de um momento para o outro agrediu a minha colega. Deu-lhe duas bofetadas e uma dentada", disse ao CM Paulo Teixeira Sousa, professor de Matemática naquela escola".[1]
Este é apenas mais um exemplo do que configura a doença da educação deste país.
Será que a culpa também é dos professores quando são agredidos?
Alguns sádicos podem dizer: Se eles apanham, eles lá sabem porquê. A culpa é dos próprios professores.
Tal como podemos dizer tout court se os alunos não aprendem a culpa é dos professores, mesmo que haja um ex-ministro da educação que nos venha dizer que “difícil é sentá-los”.
Começa de facto a ser preocupante ser tão dificil dar uma aula, em algumas turmas, dado que o lugar do recreio e da sala de aula não têm distinção.
Em que o tempo útil de trabalho e aprendizagem pode ser de 5 ou 10 minutos e o restante de tentativa para pôr ordem na sala. O nível de indisciplina não permite fazer as aprendizagens e só com muito esforço, por parte dos educadores, professores e alunos interessados, isso é conseguido.
Há resultados estatísticos que dizem que as coisas não estão assim tão más. Mas esses resultados estão longe de traduzirem toda a realidade das escolas.
Os resultados estatísticos não são de fiar tal como os relatórios made in OCDE, feitos por encomenda.
As verdades de média têm a sua importância mas os fenómenos que se passam nas franjas também nos deviam preocupar, uma vez que a educação é para todos.
O prof. Amaral Dias acabou de publicar Carne e lugar, onde põe o dedo na questão da cultura deste nosso tempo.
“Emergem novas formas de prazer, que reificam a excitação em si mesma, para não falar já do impressionante número de crianças hipercinéticas ou hiperactivas. Aumentam, num crescendo inquietante, as personalidades com escassa capacidade reflexiva, ou seja aquelas cujo pensamento não se sedimenta na experiência vital, tendo por isso pouquíssima função psicanalítica da personalidade. No nosso quotidiano, confrontamo-nos mais com humanos dominados por interesses basculantes e superficiais, em que a procura permanente de divertimento e prazer se sobrepõe à capacidade de vincular”.[2]
Sem esta capacidade de me vincular, de nos vincularmos, a educação vai continuar a ser um parque de diversões de onde vai emergindo alguma pequena e às vezes grande violência.
[1] Correio da Manhã, 23 de Março , 2009.
[2] Dias, C.A. (2009), Carne e Lugar, Coimbra : Almedina.
"Uma professora de Geografia da Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, no Porto, foi anteontem agredida "à bofetada e dentada" pela avó de um aluno de 15 anos, que frequenta o 10º ano do curso profissional de Turismo. A docente vai apresentar queixa à polícia amanhã.
A agressão à docente, de 53 anos, foi presenciada por vários alunos e aconteceu mesmo à porta da escola, quando a professora foi surpreendida pela encarregada de educação. A vítima preparava-se para sair num passeio de estudo ao Palácio de Cristal.
"A senhora começou a berrar e de um momento para o outro agrediu a minha colega. Deu-lhe duas bofetadas e uma dentada", disse ao CM Paulo Teixeira Sousa, professor de Matemática naquela escola".[1]
Este é apenas mais um exemplo do que configura a doença da educação deste país.
Será que a culpa também é dos professores quando são agredidos?
Alguns sádicos podem dizer: Se eles apanham, eles lá sabem porquê. A culpa é dos próprios professores.
Tal como podemos dizer tout court se os alunos não aprendem a culpa é dos professores, mesmo que haja um ex-ministro da educação que nos venha dizer que “difícil é sentá-los”.
Começa de facto a ser preocupante ser tão dificil dar uma aula, em algumas turmas, dado que o lugar do recreio e da sala de aula não têm distinção.
Em que o tempo útil de trabalho e aprendizagem pode ser de 5 ou 10 minutos e o restante de tentativa para pôr ordem na sala. O nível de indisciplina não permite fazer as aprendizagens e só com muito esforço, por parte dos educadores, professores e alunos interessados, isso é conseguido.
Há resultados estatísticos que dizem que as coisas não estão assim tão más. Mas esses resultados estão longe de traduzirem toda a realidade das escolas.
Os resultados estatísticos não são de fiar tal como os relatórios made in OCDE, feitos por encomenda.
As verdades de média têm a sua importância mas os fenómenos que se passam nas franjas também nos deviam preocupar, uma vez que a educação é para todos.
O prof. Amaral Dias acabou de publicar Carne e lugar, onde põe o dedo na questão da cultura deste nosso tempo.
“Emergem novas formas de prazer, que reificam a excitação em si mesma, para não falar já do impressionante número de crianças hipercinéticas ou hiperactivas. Aumentam, num crescendo inquietante, as personalidades com escassa capacidade reflexiva, ou seja aquelas cujo pensamento não se sedimenta na experiência vital, tendo por isso pouquíssima função psicanalítica da personalidade. No nosso quotidiano, confrontamo-nos mais com humanos dominados por interesses basculantes e superficiais, em que a procura permanente de divertimento e prazer se sobrepõe à capacidade de vincular”.[2]
Sem esta capacidade de me vincular, de nos vincularmos, a educação vai continuar a ser um parque de diversões de onde vai emergindo alguma pequena e às vezes grande violência.
[1] Correio da Manhã, 23 de Março , 2009.
[2] Dias, C.A. (2009), Carne e Lugar, Coimbra : Almedina.
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