16/05/25

A cultura do cuidado

 

É a prática  que mais falta faz na nossa sociedade. É verdade que o simples facto de se falar no assunto mostra preocupação de mudança. Mas há épocas  em que parece que estamos pior. As guerras vão-se somando e todos os dias nos apercebemos desse mundo sofrido que não vê solução nos políticos, quer democraticamente nossos representantes, quer ditadores, para haver melhoras.

Vivemos num mundo  de direitos, os direitos humanos, os direitos das crianças. Mas de que direitos se trata quando há milhões de crianças que não têm garantido sequer o direito à vida?

Em vez de os líderes deste mundo adoptarem a  cultura do cuidado como um imperativo, o que temos são guerras entre vizinhos, as guerras mais destrutivas, com os meios sofisticadamente selváticos, as mais violentas.

 É por isso que a cultura do cuidado é a base de toda a convivência. Sem ela não teríamos evoluído das cavernas para o respeito dos direitos humanos e da infância.


Dizia o Dr. Armando Leandro: “Não há desenvolvimento ético, cultural, social e económico de qualidade sem qualidade humana e esta é subsidiária em alto grau da qualidade da infância.

O desenvolvimento dessa cultura da infância, ao nível da prevenção e da intervenção reparadora e superadora do perigo, compete a todos.” 

Como estava certo: Pelo tratamento dado aos mais frágeis podemos avaliar a sociedade.

Os maus tratos às crianças são apenas o sintoma de um sociedade que não está bem e que acaba por se magoar a si própria.


Leão XIV, na alocução inicial do seu pontificado, falou da necessidade de uma paz que seja  desarmada e  desarmante, construída através do diálogo e da criação de  pontes.

Um coro universal das vítimas da  insensibilidade, devia todos os dias soar aos ouvidos dos líderes mundiais, reclamando justiça e paz.  Até que entendessem que os resultados das guerras são sempre o sofrimento de todos, dos perdedores mas também dos vencedores.

Uma cultura do cuidado, como o do samaritano que ajudou o estranho que encontrou doente no caminho é o sentimento que faz falta.


A cultura do cuidado é fundamental para vivermos como pessoas como seres humanos que existem  com os outros e em que os narcisismos não são determinantes. 

Uma cultura do cuidado é uma cultura da interdependência onde ninguém é descartável.

“...  quando chegamos a este planeta, somos desde o início da vida rodeados de cuidados diversos que se prolongam no tempo;  chega depois a altura em que devemos cuidar de outras pessoas e passaremos por momentos em que teremos de permitir que outros cuidem de nós, inclusive quando ainda esteja longe o fim da nossa vida. 

Estaremos preparados para assumir a interdependência que exige a nossa própria vulnerabilidade? Teremos consciência de que devemos cuidar de nós próprios, dos nossos entes queridos, do conjunto da sociedade e do mundo em que vivemos? 

Uma sociedade em que o bem-estar individual e o bem-estar coletivo andam de mãos dadas é mais humana, mais forte e muito mais comprometida.” (Isabel Sánchez, Cultura do cuidado )

 

 

Até para a semana.

 



 Rádio Castelo Branco


 




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