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Psychologies |
29/05/25
Vitórias e derrotas
23/05/25
Vínculo vital
Amar é uma tarefa da vida inteira. Aprender a amar também. Temos assim a possibilidade de experimentar desafios que ao longo do tempo vamos tentando superar; isto quer dizer que a nossa vida é também um processo terapêutico em que nos adaptamos e tornamos melhores pessoas.
“Aprender mais sobre o que é o verdadeiro amor é essencial para superar a confusão mental, permitindo-nos detetar a sua ausência na forma como nos tratamos e começar a nutrir e honrar a sua presença naqueles de quem decidimos aproximar-nos”. (Alain de Botton, Uma viagem terapêutica, p.131)
Para Alain de Botton, temos uma ideia fundamentalmente romântica e pouco útil do amor segundo a qual o amor é a recompensa que alguém recebe pelos seus pontos fortes: ser rico, popular, carismático...
Porém, existe uma outra concepção de amor, não como recompensa pelos pontos fortes mas como simpatia e compromisso com a fraqueza: “Amor é o que sentimos quando vemos um bebé recém-nascido, indefeso perante o mundo, a tentar agarrar o nosso dedo, apertando-o com força e esboçando um sorriso frágil e agradecido.”...
As pessoas em quem devemos acreditar “são aquelas que se comovem com as nossas crises que estão por perto nas horas mais sombrias que estarão ao nosso lado quando o resto do mundo estiver a fazer troça.” (idem)
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Sob o signo do afecto (da capa), de B. Cyrulnik |
Na encíclica Fratelli Tutti, o Papa Francisco, definiu o vínculo amoroso como o vínculo da vida: “ninguém pode experimentar o valor de viver, sem rostos concretos a quem amar” (nº 87), ou seja, com as suas potencialidades mas também fragilidades.
Este vínculo vital exige rostos concretos a quem amar. São pessoas que têm as suas características mesmo que não sejam aquelas que mais apreciamos.
Ou seja, a nossa viagem humana é constituída pelas nossas potencialidades mas também pelas vulnerabilidades: “as fraquezas, carências, medos, imaturidades, incompetências ou simples esquisitices”. (idem) No fundo, características humanas. Tanto umas como outras podem ter aspectos importantes nessa viagem. Podemos aprender a amar e esta aprendizagem implica podermos ser vulneráveis.
No “decurso da vida” que inicia com a infância pode acontecer que as vulnerabilidades, como as perturbações psíquicas, provoquem rupturas no equilíbrio da nossa personalidade.
Vão com certeza acontecer crises previsíveis mas também imprevisíveis, algumas dessas crises podem transformar-se em factores de risco e, em alguns casos, factores de perigo, que seja necessário controlar ou resolver.
E é da interacção de potencialidades, como factores de protecção, e vulnerabilidades, como factores de risco, que pode surgir o equilíbrio na nossa vida e na nossa vida mental.
Os psicólogos têm vindo a adoptar sistemas compreensivos desta realidade. Assim, do jogo entre potencialidades e fragilidades resultantes do processo de socialização, das condições sócio-culturais e biopsicológicas do indivíduo (como, por ex., a adaptação cognitiva resultante do processo de assimilação e de acomodação) pode resultar a adaptação ou desadaptação; e este é um processo de equilíbrios sucessivos (ou equilibração) em que as estruturas mentais vão mudando.
Para Alain de Botton, os paradigmas da psicoterapia podem aplicar-se às relações amorosas, mesmo quando as relações são difíceis, como a escuta activa, suavizar a linguagem...
Até para a semana.
16/05/25
A cultura do cuidado
Vivemos num mundo de direitos, os direitos humanos, os direitos das crianças. Mas de que direitos se trata quando há milhões de crianças que não têm garantido sequer o direito à vida?
Em vez de os líderes deste mundo adoptarem a cultura do cuidado como um imperativo, o que temos são guerras entre vizinhos, as guerras mais destrutivas, com os meios sofisticadamente selváticos, as mais violentas.
Dizia o Dr. Armando Leandro: “Não há desenvolvimento ético, cultural, social e económico de qualidade sem qualidade humana e esta é subsidiária em alto grau da qualidade da infância.
O desenvolvimento dessa cultura da infância, ao nível da prevenção e da intervenção reparadora e superadora do perigo, compete a todos.”
Como estava certo: Pelo tratamento dado aos mais frágeis podemos avaliar a sociedade.
Os maus tratos às crianças são apenas o sintoma de um sociedade que não está bem e que acaba por se magoar a si própria.
Leão XIV, na alocução inicial do seu pontificado, falou da necessidade de uma paz que seja desarmada e desarmante, construída através do diálogo e da criação de pontes.
Um coro universal das vítimas da insensibilidade, devia todos os dias soar aos ouvidos dos líderes mundiais, reclamando justiça e paz. Até que entendessem que os resultados das guerras são sempre o sofrimento de todos, dos perdedores mas também dos vencedores.
Uma cultura do cuidado, como o do samaritano que ajudou o estranho que encontrou doente no caminho é o sentimento que faz falta.
A cultura do cuidado é fundamental para vivermos como pessoas como seres humanos que existem com os outros e em que os narcisismos não são determinantes.
Uma cultura do cuidado é uma cultura da interdependência onde ninguém é descartável.
“... quando chegamos a este planeta, somos desde o início da vida rodeados de cuidados diversos que se prolongam no tempo; chega depois a altura em que devemos cuidar de outras pessoas e passaremos por momentos em que teremos de permitir que outros cuidem de nós, inclusive quando ainda esteja longe o fim da nossa vida.
Estaremos preparados para assumir a interdependência que exige a nossa própria vulnerabilidade? Teremos consciência de que devemos cuidar de nós próprios, dos nossos entes queridos, do conjunto da sociedade e do mundo em que vivemos?
Uma sociedade em que o bem-estar individual e o bem-estar coletivo andam de mãos dadas é mais humana, mais forte e muito mais comprometida.” (Isabel Sánchez, Cultura do cuidado )
Até para a semana.
04/05/25
Para todas as mães
Não, pessoal, vocês não têm!
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