04/12/25

Ideias que curam - Como responder aos nossos demónios

 

No mundo caótico, incerto e sofrido, em que vivemos, imersos e baralhados em redes sociais, políticas, familiares ou do próprio Eu, procuro encontrar maneiras de resistir ao stress e manter o equilíbrio e a sanidade...
A terapia racional, emocional e comportamental (TREC), criada pelo psicólogo Albert Ellis, pode ser um contributo para manter o equilíbrio. 
Nas situações da vida de que falamos, as pessoas têm crenças racionais ou irracionais podendo as reações emocionais ser apropriadas ou inapropriadas e os comportamentos daí resultantes serem saudáveis ou problemáticos. 
Para esta terapia, o pensamento irracional é o determinante principal das nossas perturbações emocionais e por isso deve ser analisado e mudado.

O que é interessante é que uma das fontes desta terapia é a filosofia da resiliência e do autocontrole do estoicismo. *
Dentre os estoicos mais famosos, temos um ex-escravo Epicteto (55 d.C. - 135 d.C.) para quem a liberdade depende da forma como reagimos ao mundo, e um imperador, Marco Aurélio (121 d.C. - 180 d.C.) para quem o sofrimento não vem das coisas externas, mas do nosso julgamento sobre elas.
De facto, há coisas que podemos controlar como pensamentos, ações e atitudes. E há coisas que não podemos controlar como opiniões alheias, eventos externos, a morte.
Sendo assim, o estoicismo incentiva o autocontrole, a resiliência, a aceitação do que não pode ser mudado e a serenidade mental (ataraxia) para viver em harmonia com a natureza e alcançar uma vida ética e feliz (eudaimonia). 

Podemos fazer um exercício: reflectir sobre o texto de um dos dias do livro Estoico todos os dias, de Ryan Holiday e Stephen Hanselman. Foi o que fiz hoje, dia 4 de Dezembro: o tema é “Isso não lhe pertence”.
“Por muito que lutemos e trabalhemos para acumular objectos podemos perdê-los em segundos. O mesmo é verdade para coisas que gostamos de pensar que são “nossas”, mas que são igualmente precárias: o nosso estatuto, a nossa saúde física ou força, as nossas relações” (p. 411)

Se estes princípios servem para todos, terão mais importância quando somos um pouco mais ansiosos.
Neste caso, diz-nos Alain de Botton,  "as nossas relações podem nunca dar certo, alguns membros da família podem continuar a ter-nos rancor, alguns inimigos podem nunca tomar o nosso partido, não conseguiremos corrigir erros nas nossas carreiras e haverá invariavelmente quem seja cético ou puramente sádico. Porém, nada disto nos deveria surpreender e não devemos ser ingénuos ao ponto de deixar que isso afete o nosso estado de espírito. Devemos explorar a nossa tristeza irredutível em manhãs soalheiras quando as nossas faculdades racionais estão frescas e seguras, em vez de deixarmos que nos enerve com os seus ataques às três da manhã, quando estamos demasiado azamboados e cansados para saber como responder aos nossos demónios.” (Uma viagem terapêutica, p.123)


Até para a semana.



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