01/06/22

Saúde mental na escola


Quero relevar alguns aspectos que me parecem interessantes no estudo sobre a "Saúde Psicológica e Bem-estar". * feito na sequência da pandemia de covid-19, para perceber o efeito na comunidade escolar.

Os resultados em relação aos alunos:
- um em cada três alunos considerou que a vida na escola piorou, um quinto achou que a vida com os amigos também ficou pior e 28,4% referiu que a vida consigo mesmo também se agravou. Já a vida em família manteve-se inalterada para a maioria (56,7%);
- Cerca de um terço dos alunos das escolas portuguesas tem sinais de sofrimento psicológico e défice de competências socioemocionais;
- Os problemas de saúde mental agravam-se à medida que os alunos crescem, até chegarem ao 12.º ano, altura em que são relatados mais problemas;
- Cerca de um quarto das crianças são irrequietas (23,2%) e distraem-se com facilidade (24,9%);
- Entre os alunos mais velhos, mais de um quarto disse sentir tristeza (25,8%), irritação ou mau humor (31,8%) e nervosismo (37,4%) várias vezes por semana ou quase todos os dias;
- Embora a maioria refira que raramente ou nunca, sente uma tristeza tão grande que pareça não aguentar (67,1%), quase um terço admitiu sentir essa tristeza pelo menos mensalmente (32,9%).

Em relação aos professores, os investigadores concluíram: 
- Que o ambiente da escola e a qualidade da gestão dos agrupamentos escolares parecem estar associados ao sofrimento psicológico dos docentes, uma situação também agravada pela idade e tempo de serviço;
- São muitos os que se sentem nervosos, irritados ou de mau humor, havendo mesmo quem admita ter dificuldade em adormecer (48,5%);
- Um em cada cinco professores (20%) disse sentir-se “tão triste que parece não aguentar”;
- Os docentes com mais idade e mais tempo de serviço relatam menor qualidade de vida, mais sintomas de depressão e ansiedade, menor perceção de apoio por parte da direção do agrupamento e um ambiente escolar menos favorável;
- Mais de metade dos docentes disse ter-se sentido nervoso (55,3%), triste (53,4%), irritado ou de mau humor (51,3%), com frequência semanal ou superior, nos últimos tempos.

Estes dados são suficientes para nos indicarem a necessidade de concretizar nas escolas projectos preventivos que desenvolvam competências emocionais nos alunos, projectos que desenvolvam as virtudes e as forças dos alunos... **
Para isso, são necessários recursos humanos, principalmente psicólogos, nas escolas e nos cuidados de saúde primários para que possam atender crianças e jovens em sofrimento psicológico.
Era interessante que no sector de educação fossem concretizadas as propostas, feitas em 2020, pelo actual ministro da economia Costa Silva, na Visão estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030. ***


Até para a semana



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* Estudo nacional realizado pela primeira vez e pedido pelo Ministério da Educação sobre a saúde psicológica e bem-estar da comunidade escolar. Participaram no estudo 8.067 crianças e adolescentes que frequentam escolas portuguesas, desde o pré-escolar até ao 12.º ano e 1.457 professores, na sua maioria mulheres (81,8%); É um trabalho de parceria entre a Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, Direção-Geral da Educação, Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar, Equipa Aventura Social/ ISAMB, Universidade de Lisboa, Ordem dos Psicólogos Portugueses e Fundação Calouste Gulbenkian, que teve a coordenação científica de Margarida Gaspar de Matos (Equipa Aventura Social/ ISAMB, Universidade de Lisboa).

** Por ex.: iniciativa muito interessante: ManifestaMente.

*** Por ex.: "Programa de rejuvenescimento do corpo docente e de formação de professores."
"Investir num programa de reformas antecipadas negociadas com os professores mais idosos e alargar o recrutamento de novos professores jovens. O programa deveria ser de adesão voluntária e os modos de acesso à carreira pelos novos docentes deveriam ser revistos. Reformar e financiar o sistema de formação de professores em todos os domínios: na formação de base, na formação em exercício e na formação contínua. O programa deveria ser desenvolvido em negociação com as instituições do ensino superior implicadas na formação de professores, num tempo curto, para poder ter efeitos no processo de rejuvenescimento do corpo docente, assegurando que esse rejuvenescimento seria também um momento de requalificação da profissão."







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