05/06/22

"Procuro a liberdade e a paz !", "Я ищу свободы и покоя!"

Saio sozinho para a estrada/Выхожу один я на дорогу

Saio sozinho para a estrada
Entre o nevoeiro brilha o caminho de pedra
A noite está calada, o deserto ouve a Deus
Estrela com estrela conversam

O céu está solene e maravilhoso
A terra dorme no esplendor do azul
Por que me dói tanto e me é tão árduo?
O que será que espero eu? De que lamento?

Não, da vida não espero nada.
E nem um pouco me lamenta o passado
Procuro a liberdade e a paz! /Я ищу свободы и покоя!
Gostaria de me esquecer de mim e adormecer

Mas não pelo frio sono do sepulcro
Gostaria de dormir assim para sempre
Para que no peito repousassem as forças da vida
Para que, ao respirar, se erguesse o peito em silêncio

Para que por toda a noite e o dia, acariciando o ouvido
Cantasse para mim uma voz doce sobre o amor
Para que sobre mim, eternamente em flor
Um carvalho escuro se debruçasse e sussurrasse.

Lermontov, 1841



Publicado pela primeira vez na revista Domestic Notes/Otechestvennye Zapiski (1843, No. 4). O poema foi musicado, em 1861, por Elizaveta Shashina. 
Leio neste poema a sensibilidade da vida - "as forças de vida" - em confronto com a inutilidade de todas as guerras mesmo as interiores. A harmonia maravilhosa entre a Natureza, Deus e o Homem, descrita com tanta tranquilidade, não devia ser quebrada. É isso que justifica que quando saímos para a estrada, para a vida, só a liberdade permite a escolha da felicidade... para ouvirmos "uma voz doce sobre o amor"... Tudo tão perto da humanidade e da compaixão e tão distante do ódio e da crueldade.




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