12/06/22

Colmeal



Experiência singular. Lugar do silêncio. Onde o moderno é a continuação do passado e do tradicional e se confundem harmoniosa e perfeitamente integrados na Natureza de sempre. *
Experiência humana especial de comunicação com uma equipa que gosta do que faz e gosta dos clientes.

Gabriela gosta de contar histórias, ali mesmo, no contexto, num local onde há tantas, singelas, espantosas e até trágicas... e de falar da felicidade que se tira dos passeios na natureza, das marcas deixadas pelos antepassados em cada pedra encontrada ao longo dos trilhos, da felicidade pessoal, mas científica, procurada pelo ser humano no mais recôndito de si e de querer encontrar na relação com os outros as virtudes e as forças que são a sua assinatura, o seu lado positivo, mais criativo, mais original, diferente da experiência dos outros mas também mais do lado de dentro da sua personalidade. Dessa felicidade procurada pelo ser humano em contraste com o que se passa nos dias de hoje. O silêncio está em todo o lado: no quarto do sossego ou na experiência sensorial de um Colmeal, branco, silêncio, de 2018.
O silêncio em cada pedra que resistiu á pilhagem ou, imagino, nas que foram levadas não se sabe para onde nem para quê.
Jaime transporta-nos para as castas, as cepas, as pequenas diferenças de ser vinho: um pouco mais acima é Douro e um pouco mais abaixo já é Beira. E as uvas que andam de cá para lá. O saber dos sabores feitos pelo tempo. Há tanta touriga nacional! E que importa não saber o sabor das violetas se elas estão todas ali, dentro do copo?
O jovem Rafael que nos desvenda os segredos da integração dos produtos locais na culinária, traz-nos diferentes experiências sensoriais que vamos encontrando na boca e na fala ao longo do jantar. 

Uma equipa que afinal existe nesta lonjura e resiste ao bulício, à correria para passar à frente, sempre mais depressa, com mais velocidade e com mais estragos por dentro e por fora. A triste moda já não é supersónica mas hipersónica como na Ucrânia...
Ali impera o silêncio... da andorinha com as crias que fez o ninho à porta da recepção e o "Marquês" que sorrateiramente se introduz no restaurante e nos vem fazer uma festa mas nem sequer ladra quando é convidado a retirar-se.
O silêncio do regato onde flui a água, fonte de vida fundamental, que desce em sobressalto dos penhascos. Lá em baixo, no tempo e no espaço certos, envolvida pela Natureza, a Zé faz os seus exercícios matinais com determinação.
Ao longe, a Marofa em silêncio cheio de tanta conversa mas que não debita sinal suficiente para o wi-fi que nos lembra que há um mundo diferente.
E a Gabriela vai-nos contando a história d' o pastor e as cabritinhas, da igreja recuperada, dos Cabrais, da demanda sobre a propriedade da quinta de mil e cem hectares que foi dada em pagamento ao advogado do Porto, da GNR que veio expulsar os rendeiros, da desertificação e das pilhagens...

É, assim, que nascem as saudades e é, por isso, que ficamos com vontade de não ir ou já com desejo de voltar. É, assim, que nascem os sentimentos de gratidão para com a gente que fez esta história incrível e para com quem quer continuar a contá-la.

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