15/05/23

Aprender a envelhecer.



Envelhecer é algo natural e inevitável, o destino de todos nós. Mas para o geneticista David Sinclair não é bem assim. Defende que é possível retardar o envelhecimento com alguns hábitos simples para que tenhamos vidas cada vez mais longas e saudáveis.
Seja como for, a gente envelhece quer queira quer não. E como não estamos preparados para isso, se calhar, o melhor é apender a envelhecer. (1)
Diz-se que as crianças não nascem com livro de instruções. É também o caso da velhice que não chega com livro de instruções. Tenho aprendido com a própria experiência e já estabeleci algumas regras para meu uso pessoal.

1. Reduzir a velocidade em tudo: andar mais devagar, comer mais devagar, preferir tudo o que se faça devagar.
Não é nada fácil mudar o hábito de muitos anos a fazer as coisas à pressa para começar a fazê-las devagar.
Alguns provérbios fazem agora mais sentido: “depressa e bem não há ninguém” e “devagar se vai ao longe”, ou “um dia de cada vez”...

2. Não ser rezingão, não dizer mal de tudo, não ser queixinhas acerca de tudo o que acontece no mundo à minha volta. 

3. Não ser um peso para ninguém. Não deixar que façam nada por mim, excepto quando de todo não conseguir. 

4. Manter a actividade física e mental. Um hobby pode ajudar. 

5. Não querer ser um velho arrogante e presunçoso mas humilde. Não querer falar em último lugar e não querer ter razão e tirar as conclusões, nem pedir mais 30 segundos para concluir, porque isso não releva nada, não interessa nada e a conversa ou o debate não ganha nada com isso.

6. Ter cuidado com a ideia que anda por aí de que uma pessoa idosa já pode dizer tudo o que lhe vem à cabeça porque normalmente isso é visto como falta de responsabilidade.

7. Não dizer no meu tempo é que era bom, ou “os bons velhos tempos”. É uma frase enganadora uma vez que estes ainda são os meus tempos.

8. Saber retirar-se a tempo de responsabilidades que ficam mais bem entregues a pessoas com mais capacidades e deixar de querer ser, de uma vez por todas, um workaholic

9. Saber vestir-se: se calhar não "vestir à velho" mas também não querer ser o que não se é: um jovem de 20 anos.

10. Não dar saída aos mitos relacionados com a velhice, como por exemplo: Solidão e depressão são normais na velhice; os velhos não aprendem coisas novas...

11. Na velhice, como ao longo da vida, em relação às pessoas com quem vivemos, não dizer “tu nunca...” ou de outra forma não dizer “tu sempre...” , porque isso torna a comunicação difícil. 

12. Ter presente que a memória vai falhando com o envelhecimento. Vamos tendo experiência do que é perder lentamente a memória. Nada de anormal. começamos a esquecer-nos dos nomes de algumas pessoas, depois de muitas pessoas, a seguir, de acontecimentos temporais...

13. Finalmente, ser fanático apenas por uma coisa: a família afectiva.


Até para a semana.


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(1) Este é também o sentido do livro de Manuel Pinto Coelho, Chegar novo a velho.


Rádio Castelo Branco


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