1. O Evangelho do passado Domingo falava das bem-aventuranças. Em 2014, disse aqui que as bem-aventuranças eram as Regras para uma vida feliz.
Esta perspectiva remete-nos para a Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, de 19 de Março de 2018, do Papa Francisco, sobre a chamada à santidade no mundo actual e onde apresenta cada uma das bem-aventuranças como um caminho de felicidade para qualquer pessoa.
2. Martin Seligman é um dos meus psicólogos inspiradores e tenho aqui dedicado muito tempo a espalhar as ideias sobre "felicidade autêntica" e "bem-estar" que podemos resumir nas seis virtudes e nas vinte e quatro forças de carácter que integram a nossa personalidade.
Permitam-me que vá buscar a ideia de forças de assinatura e integre no inventário de Seligman esta ideia de bem-aventuranças.
Como refere Francisco: “64. A palavra «feliz» ou «bem-aventurado» torna-se sinónimo de «santo», porque expressa que a pessoa fiel a Deus e que vive a sua Palavra alcança, na doação de si mesma, a verdadeira felicidade.”
Ou seja, não se é feliz por se ser pobre ou por chorar ou se sentir injustiçado... a última palavra não é da pobreza, nem da tristeza, nem da injustiça mas da possibilidade que temos de ser felizes no desapego, na mansidão, na compaixão, na justiça, na misericórdia, na pureza do coração e na paz:
- a felicidade da pobreza em espírito e do desapego...
- a felicidade da mansidão num mundo de discussões, agressões, violências...
- a felicidade que vem da compaixão, de sermos solidários com os que sofrem e de partilhar as suas dificuldades e as suas dores.
- «Fome e sede» de justiça que correspondem a necessidades primárias, de sobrevivência. A justiça é, assim, uma necessidade básica nas relações sociais e políticas.
- A felicidade da misericórdia é o caminho da ajuda, do serviço dos outros, da compreensão e do perdão.
- A pureza de um coração que sabe amar.
- A felicidade que vem do caminho da paz.
- Os bem-aventurados, as pessoas felizes, vivem com autenticidade, questionam e incomodam a sociedade com a sua vida.
3. Ao mesmo tempo, nesta semana, discute-se o palco da Jornada Mundial da Juventude, a pala, o happening, a requalificação, revalorização de uma zona degradada de Lisboa e Loures, as coisas básicas da vida, como a limpeza, os wc, a água, a comida... e os milhões envolvidos.
Mais uma vez apareceu a falha na organização de um evento desta magnitude. Nada de novo. Simplesmente o espelho da nossa desorganização caseira, dos interesses mesquinhos, político-partidários, de aproveitamento para justificar as próprias posições... Penso no que esconde a máscara de cada um, desde os responsáveis directos pelas decisões que têm sido tomadas até ao último dos jovens que estão a dar o seu melhor para participarem nesta Jornada. **
O que será que interessa nesta Jornada? Tudo, portanto. Mas o sentido tem de ser o do caminho que se abre à juventude, do acesso à sua felicidade e bem-estar, numa vida com sentido como o traçado pelas bem-aventuranças.
Até para a semana.
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* "Ao ver a multidão, subiu a um monte, e, depois de Se ter sentado, aproximaram-se d'Ele os discípulos. Tomando então a palavra, começou a ensiná-los, dizendo..." (Mt, 5)
** Que modelagem temos para apresentar a estes jovens ?
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