Depois de um terrível século XX, como entender o que se passa no início deste século em que o Caos parece reinar em relação à Ordem, com as várias catástrofes que têm vindo a acontecer: as guerras, como na Ucrânia, a pandemia e agora o terramoto na Turquia e Síria?
Somos motivados com frequência, pela publicidade, pelos livros de auto-ajuda, etc., nas mais diversas circunstâncias da vida a buscar a nossa própria felicidade. Ora mesmo nas coisas mais simples da vida sabemos que assim não é. Como diz a canção de Madalena Iglésias: “Onde estás felicidade que não te encontrei?”
Então de que felicidade se trata ?
Jordan Peterson (12 regras para a vida - Um antídoto para o caos) questiona que a felicidade seja o objetivo mais ideal para a nossa vida, pois sabemos que o sofrimento faz parte dela, e propõe entender a felicidade num sentido mais profundo.
Constatou que as grandes histórias do passado tinham mais a ver com o desenvolvimento do carácter face ao sofrimento do que com a felicidade.
A vida tem os dois lados: Ordem e Caos. Ordem “quando as pessoas ao nosso redor agem de acordo com normas sociais bem definidas, comportando-se de forma previsível e cooperante”; Caos é onde – ou quando - acontece algo inesperado” como a guerra ou perder o emprego...
Como organizar-se mentalmente do ponto de vista individual, familiar e social? De facto, “as pessoas necessitam de princípios ordenadores, caso contrário, surge o caos. Precisamos de regras, padrões, valores - individualmente e em conjunto.” (p.17)
O ser humano procura a felicidade mas neste sentido mais profundo que envolve os momentos difíceis da vida, que existem, e sabemos que podem ser superados. Quando parece que tudo está perdido uma nova ordem pode surgir da catástrofe e do caos, sem nos deixarmos submergir no niilismo ou na ordem excessiva e rotineira da normose.
Aprendemos com as experiências vividas por nós, observadas nos outros, de que a vida é constituída por ordem e caos.
Para Jordan Peterson podemos criar a ordem a partir do caos e vice-versa. E escreve: “Nos meus momentos de maior escuridão, no submundo da alma, dou por mim frequentemente assombrado e maravilhado pela capacidade das pessoas para fazerem amizades, para amar o seus parceiros e pais e filhos, e de fazerem o que devem para manter a maquinaria do mundo a funcionar.
Acredito que este tipo de heroísmo quotidiano é a regra e não a exceção. A maioria dos indivíduos tem de lidar com algum problema de saúde enquanto continua a ser produtivo sem se queixar. Se alguém tem felicidade de desfrutar de um raro período de graça e saúde impecável, então, é provável que haja algum membro da família que atravesse uma crise. No entanto, as pessoas prevalecem e continuam a fazer tarefas difíceis, que exigem esforço, para se manterem unidas à família e à sociedade ... Merecem por isso uma admiração genuína e sentida...” (p. 92)
É esta Ordem que temos visto, e esperamos continuar a ver, no Caos do início deste século.
Até para a semana.
Sem comentários:
Enviar um comentário