11/12/25

A familia e o Natal



Natal é tempo da família e da infância, é tempo de partilha de afectos e de presentes, de bons sentimentos em relação aos que nos são próximos e a todo o ser humano.
Também acontece que no Natal, os ausentes estão presentes e os que deviam primar pela presença estão ausentes. Tanto as recordações como as ausências geram sofrimento, saudade e tristeza. 
Seja como for, a família é o melhor ambiente para que esses afectos se concretizem.

Mais de um ano decorreu após a publicação do livro Identidade e família. Um livro colectivo com mais de vinte autores, com diversas visões sobre a família ... 
Não se fizeram esperar criticas á publicação do livro. E, no entanto, mantém toda a importância e actualidade no que se refere à família.

As funções da família são de grande diversidade: desde a função biológica de geração dos filhos, ao crescimento num ambiente de amor, associado ao processo de socialização, de aprendizagem e educação, ao cuidar dos mais novos e cuidar dos mais velhos.
Por outro lado, já aqui o tenho referido, a família tem varias estruturas e, basicamente, podemos dizer que onde há uma criança há uma família. E é a presença de uma criança que define a família.
Estudei algumas estruturas familiares como as famílias reconstituídas e, genericamente, concluímos que eram famílias tão adaptativas como as famílias com outras estruturas tradicionais.

Como todos nós, as crianças aprendem por modelagem, mas não é determinante o facto de haver uma ou outra estrutura familiar. O que é fundamental é que todas as crianças têm pai e mãe, independentemente da estrutura familiar em que estejam inseridas.
Por vezes, ouvimos dizer que “tal pai, tal filho” ou “sai à mãe” ou “é como o avó”.... Mas o que acontece é que cada um de nós tem a capacidade de escolher aquilo que prefere e essa escolha vai muitas vezes contra a opinião dos pais ou dos familiares. E não é só na opção relativa aos clubes de futebol que isso acontece!

Há dias numa escola, nas fotografias escolares, foram eliminados os símbolos de Natal porque não se queria ofender ninguém de outras culturas.
Noutra escola não se comemorava o dia do pai porque há crianças que não têm pai. 
Ou será que não sabem quem é o pai ? Se nem todas as crianças têm um pai presente ou registado, isso não invalida que ter pais seja um direito fundamental.
Na realidade, muitas crianças vivem em famílias monoparentais ou sem a figura paterna, ou são registadas sem o nome do pai. *
Então, porque existe um problema, deixa de se fazer uma actividade... Porque não pode ser o dia do pai e de quem cuida, de quem exerce a função paternal ?

A verdade, como sempre, parece ser o caminho a seguir. Fingir que alguém não tem pai é que não é opção. Neste Natal não seremos filhos de pais incógnitos ou como canta José Afonso “não seremos pais incógnitos”. (*)
A vida faz sentido quando temos afecto, uma identidade, pertencemos a alguém e a algum sítio, vivemos em paz e temos um espaço afectivo seguro. 
Neste Natal, é apenas isto que estão a pedir as nossas crianças.
 
A todas as famílias que amam os seus filhos um feliz Natal. 
Até para a semana.

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(*) Em Portugal, a lei não permite filhos de pai incógnito desde 1977. No entanto, desde 2013 que o número de crianças registadas sem o nome do pai tem vindo a aumentar.



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