Correndo o risco de parecer paternalista, Crescer juntos é um livro de Carlos Gonzalez que recomendo a todos os educadores e, em particular, aos pais e professores.
"Crescer juntos” é uma forma saudável de educar, adequada ao desenvolvimento das crianças e dos alunos mas também dos pais e de instituições como a escola. “Crescer juntos” significa que os pais estão implicados no processo educativo dos filhos assim como a escola e as instituições da sociedade.
Saber como exercer a parentalidade ou qual é a melhor forma de exercer a autoridade ou de como as teorias psicológicas podem ser usadas na educação dos filhos, tendo em conta o desenvolvimento resultante do crescimento e maturação, faz parte de uma forma natural de educar que não exclui a intervenção do adulto na aprendizagem de ambos.
Mas as grandes questões que se colocam aos pais sobre a educação dos filhos passam por questionar diagnósticos como a perturbação de hiperactividade com défice de atenção (PHDA) ou outras formas desajustadas de classificar ou rotular as crianças como “crianças índigo” ou “crianças orquídea”...
Há métodos educativos discutíveis em relação à alimentação, ao sono, à aplicação de castigos. O que é um castigo? O que é a “cadeira de pensar”? O que é ensinar pelas consequências ? Quando se deve medicar uma criança?
Por estas razões, e muitas outras que não referimos aqui, a presença dos pais na escola, individualmente, ou através das Associações de Pais, é cada vez mais importante. E ao contrário da desconfiança mútua que pode, por vezes, existir, deve haver maior colaboração e cooperação. Pais e professores trabalham para o mesmo objectivo: o desenvolvimento integral dos filhos e educandos.
Os pais têm uma palavra a dizer sobre o currículo: disciplinas, programas, manuais, actividades e projectos, avaliação...
Estive dos dois lados, como psicólogo (SPO) e professor e também como pai e representante da Associação de Pais da escola dos meus filhos e foi o que procurei fazer. Nessa altura como agora, a palavra de ordem deve ser: "sempre ao lado dos pais, sempre ao lado dos professores, para estar sempre ao lado dos alunos”.
Não faz sentido o que se vê/lê nas redes sociais: a divisão entre pais que educam e professores que ensinam, ou seja, os meninos devem vir educados de casa e a escola poderá então fazer o seu papel de instrução.
Em algum momento, pode haver maior intervenção dos professores no currículo escolar mas os pais não podem ser descartados. O currículo envolve tudo o que faz parte da educação e instrução do aluno.
A família tem papel fundamental na educação dos filhos mas nem sempre as crianças têm um lar, uma família, e, por diversas razões, as crianças são entregues a instituições.
Também há crianças que nem sempre têm uma família mentalmente saudável. Quem as deve educar? Com certeza, ambas as instituições.
A escola às vezes tem que ensinar as competências mais básicas da educação: a higiene, as refeições, o reforço alimentar, saber ser e estar, resolver conflitos com os colegas e adultos...
Para estas crianças a escola é o primeiro e último recurso. E a escola devia ter orgulho em fazer esse papel. Mesmo quando os recursos são insuficientes e a escola não faz mais porque humanamente não pode.
Até para a semana.