15/12/23
Uma canção de Natal
14/12/23
Tempo de Natal. Tempo de Paz.
* "CONVERSAR SOBRE A PAZ - Como, todos e todas, podemos ajudar a construir a Paz?" Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP).
11/12/23
"Na hora da partida"
"É vontade raivosa que muitas vezes me assalta, mas quando consigo travar a tempo, passados uns instantes de reflexão logo descarto a ideia, ciente de que o resultado seria funesto.
Dá-se o caso, e com ele há vidas sofro, que me desconcerta a violência e disparidade dos meus sentimentos para com a terra em que nasci, as raivas que ela me provoca, como se em vez de um lugar, um território, uma nação, Portugal fosse gente.
Ora o vejo como um sujeito estúpido que me dá vontade de insultar e agredir, ora um tonto de tal modo desvairado que não paro de abanar a cabeça, de vez em quando uma inocente criança, que em mim desperta insuspeitados carinhos e ternura.
Olho-o de longe e assusta-me a frieza com que disseco o seu funcionamento, o sarcasmo que me provocam os pandilhas que há décadas o esbulham, fingindo que governam, os sortidos donos daquilo tudo, os que se dobram ajoelhados como escravos de galé. E ainda os jeitos, as luvas, o fatalismo, as vénias, a cunha, a subserviência para com os que estão acima, o desprezo para com os que dependem. O medo generalizado, os brandos costumes, as manhas, o respeitinho. Aquela inveja, que de tão extraordinária e corrente parece ser genética. A promessa raro cumprida, idem a sornice, o deixa para amanhã, a fatuidade, o valor das aparências, o gosto da rasteira.
Mas depois, tão entranhado português que sou, e protegendo-me de mim próprio, logo amoleço, procuro razões de brandura e desculpa, fecho um bocadinho os olhos, embalo-me com a esperança de que cheguem os amanhãs que sempre desejei.
Contudo agora, melancolicamente certo e seguro que a minha hora não tardará, sei que vou partir sem os ver chegar."
J. Rentes de Carvalho, Tempo contado
06/12/23
Nuclear não, obrigado!
30/11/23
A nova censura
26/11/23
Da Arte e das Tradições que nos pacificam
"O programa deste concerto, organizado pela ADEPAC, no âmbito lançamento do Cancioneiro da Música Tradicional de São Miguel d'Acha tem em vista a apresentação ao público de algumas das modas da nossa terra. Muitas delas são, aliás, frequentemente cantados e difundidas pelo Grupo de Cantares Tradicionais de São Miguel de Acha, mas outras foram sendo musicalmente trabalhadas por vários autores.Daí que a escolha e ordenação do programa tenha recaído em canções cujas melodias e temas já foram objeto de elaboração e tratamento musical, nas variadas perspectivas encontradas, por forma a que com esta metodologia de apresentação, o público possa perceber as muitas abordagens musicais possíveis sobre temas idênticos e verificar que a música tradicional é passível de merecer a mesma consideração que a chamada música erudita.Assim, incluem-se, desde logo, arranjos de Fernando Lopes Graça (para piano solo, piano quatro mãos, canto e piano, vozes e orquestra) de algumas modas que ele próprio recolheu na nossa terra, arranjos de Jorge Croner de Vasconcelos (para canto e piano, de duas modas anteriormente também aqui recolhidas por Constantino Varela Cid), bem como vários arranjos de um conterrâneo nosso, Joaquim Gonçalves (para vozes e piano e/ou instrumentos) e de seu filho Diogo Gonçalves (canto e piano e vozes e instrumentos), de canções igualmente recolhidas em S. Miguel.E tendo em vista a consecução destes objetivos, o Programa executado por conhecidos e credenciados intérpretes nacionais (um conjunto vocal de vozes iguais, a soprano Maria João Sousa, os pianistas Leonor Cardoso e Paulo Oliveira, um ensemble instrumental - sopro e cordas), além do Grupo de Cantares Tradicionais de S. Miguel de acha, de ACEPAC, também sobejamente reconhecido no âmbito dos executantes de música tradicional na região das Beiras, atualmente dirigido por Eduardo Gonçalves.Por fim, é devida uma palavra de agradecimento à Paróquia de São Miguel de Acha, na pessoa do P. Martinho Lopes Mendonça, pela disponibilidade manifestada para a realização deste Concerto na Igreja Matriz de São Miguel de Acha."
22/11/23
Além do Princípio de Mateus
No domingo passado (19-11-2023), o Evangelho falava da conhecida parábola dos talentos. (Mateus 25:14-30)
Jesus diz-nos que o reino dos céus é semelhante a um homem que, ao sair de viagem, chamou os servos e confiou-lhes os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um; a cada um de acordo com a sua capacidade. Em seguida partiu de viagem. O que havia recebido cinco talentos, aplicou-os, e ganhou mais cinco. Também o que tinha dois talentos ganhou mais dois. Mas o que tinha recebido um talento cavou um buraco no chão e escondeu-o aí.
Quando foi necessário prestar contas, o que tinha recebido cinco talentos trouxe outros cinco, o que recebeu dois ganhou mais dois.
O que tinha recebido um talento apresentou apenas o que tinha porque teve medo e escondeu o seu talento no chão.
O senhor elogiou os outros servos e a este, negligente, criticou-o e mandou dar aquele talento ao que já tinha dez, dizendo: “Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado”.
As palavras desta parábola são duras e sem tolerância para o que tinha menos talentos. Este parágrafo também é conhecido como Princípio de Mateus.
Os talentos, ou se quisermos as capacidades ou aptidões, as virtudes e as forças são qualidades físicas e mentais, diferentes, que nós temos.
Uma questão importante é, então, sabermos os talentos que temos e o que vamos fazer com eles.
Esse mesmo princípio brutal de distribuição desnivelada aplica-se em qualquer contexto em que exista produção criativa.
A maioria dos artigos científicos é escrita por um grupo pequeno de cientistas. Uma pequena proporção de músicos produz quase todas as músicas comerciais gravadas. Um número pequeno de autores vende todos os livros...
Nas relações amorosas é bem conhecida a canção dos ABBA, The winner takes it all. (O vencedor leva tudo).
Então o que nos resta é enterrar os nossos poucos talentos, uma vez que (pensamos nós) não somos assim tão talentosos?
Pelo contrário. Compete a cada um fazer render os seus talentos, trabalhando tanto quanto permitam as suas capacidades e aptidões, para que eles se possam traduzir em algo de positivo.
Para isso, é necessário haver vontade para mudar. Mudar a nossa postura corporal, levantarmo-nos e erguermos as costas... Estas são atitudes que aumentam a serotonina e então “podemos aguentar as dificuldades de pé, mesmo durante a doença da pessoa amada, mesmo durante a morte dos pais, e permitir a outros que encontrem força a nosso lado, quando de outra forma seriam tomados pelo desespero. Fortalecidos desta maneira, embarcaremos na viagem das nossas vidas... (p. 54)
Até para a semana.
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* Este princípio é também conhecido como a Lei de Price, em homenagem a Derek J. de Solla Price, o pesquisador que descobriu a sua aplicação à ciência, em 1963. O princípio pode ser executado se fizermos um gráfico em forma de L, com o número de pessoas no eixo vertical, e a produtividade e os recursos no eixo horizontal. O princípio básico fora descoberto muito antes. Vilfredo Pareto (1848-1923), um polímata italiano, notou a sua aplicabilidade à distribuição da riqueza no início do século XX, e o princípio parece ser verdadeiro para cada sociedade já estudada, independentemente das formas de governo de cada uma. (J. P. idem, p. 29-30)
15/11/23
Lideranças
Não me admira, e creio que não surpreende ninguém, que tenhamos chegado aqui. Os fundamentos não eram fiáveis. Este ciclo de poder foi constituído com base no poder pelo poder. A "geringonça" foi constituída por forças tão diferentes politicamente em que interessou apenas o poder. Porém, há princípios que se devem sobrepor na política, como a liberdade, a democracia, a democracia parlamentar, os direitos humanos, o relevo do social e do indivíduo.
Não ter isto em conta não é derrubar um muro, como foi dito pelo primeiro ministro demissionário, mas um limite, que ultrapassado, nos leva para a incoerência ideológica e para uma prática de interesses.
Por isso, esperava-se o fim deste ciclo mais cedo ou mais tarde, mas não que este desmoronamento político e moral dos líderes pudesse ter lugar numa sociedade livre e democrática.
As pessoas que formam um governo deviam passar por uma selecção mais profunda.
A tónica posta no indivíduo é fundamental porque mesmo que haja instituições democráticas, elas não fazem automaticamente um líder capaz. Como a inversa também pode acontecer.
O perfil de alguns políticos já fazia adivinhar esta instabilidade. Veja-se a insegurança com que as pessoas vivem pelo facto de não terem possibilidades de arrendar uma casa ou de pagar a prestação da respectiva habitação, veja-se insegurança na saúde com um SNS desorganizado, veja-se a escola que não há maneira de os alunos terem todas as aulas e os pais terem descanso...
Em qualquer outra chefia, exige-se um conjunto de características que na minha perspectiva deviam ser exigidas aos governantes mas na realidade parece que são dispensadas.
Há pelo menos sete aptidões psicológicas (
- energia física ou vitalidade, motivação de produtividade, energia psíquica ou poder de concentração,
- inteligência e inteligencia emocional,
- capacidade de apreciação,
- capacidade de decisão,
- integridade pessoal,
- apresentação,
- poder de adaptação.
É ainda importante a motivação ou tendência a chefiar...
"No mundo dos dirigentes verifica-se de vez em quando uma mescla de integridade e intrigas, honestidade e falta de escrúpulos, equilíbrio psíquico e ambição desmedida... Uma mera capacidade técnica, o estar na frente, o rótulo de superioridade colocado ante o nariz dos subordinadas: nada disto é chefia.”
Este é todo um programa que não se aprende nas juventudes partidárias mas com trabalho e esforço na escola, onde se deve aprender política e psicologia política (Devoto, idem, p. 411), no emprego, no meio do povo.
Até para a semana
08/11/23
O que é uma mulher
1. O jornalista Matt Walsh entrevistou pessoas por todo o mundo, para saber o que é uma mulher e o resultado pode ser visto no Youtube, no Documentário crítico sobre o género. O que é ser uma mulher?
A entrevista também conta com a opinião de Miriam Grossman, psiquiatra, e Jordan Peterson, psicólogo, que se atêm à realidade e desmontam opiniões e práticas discutíveis...
Há quem ache que uma mulher é quem se identifica com uma mulher mas não sabe o que é essa pessoa com quem se identifica.
Matt Walsh vai para casa conforme J. Peterson lhe recomenda e pergunta à sua mulher: o que é uma mulher? A resposta: É um humano adulto fêmea.
2. Nunca me interessou o concurso das misses não era agora que isso me ia interessar. Mas não deixa de ser curioso ser um dos temas de momento.
Miguel Sousa Tavares com José Alberto Carvalho estão a ser trucidados nas redes sociais sobre a posição que tomaram no comentário semanal.
Também Joana Amaral Dias foi chamada de transfóbica e até se põe em dúvida a sua formação académica ...
O que é que está errado no que disse JAD? O que é uma mulher ? O concurso das misses é a eleição de uma mulher? Ou de alguém que se identifica com uma mulher? Ou as duas coisas? Então digam à gente que é assim.
Estes são os factores que moldam a nossa personalidade. Para compreendermos uma pessoa temos que levar em conta todos eles. O que não é fácil.
Negar a biologia não me parece que tenha sentido se nos colocarmos numa posição racional. Cada um pode pensar que é aquilo que entende. Não será por isso que a realidade deixa de ser o que é, nem a genética se altera por grande que seja a minha vontade de ser outra coisa mesmo que seja outra coisa socialmente aceite
O que não é aceitável é que haja vantagens ou desvantagens, visíveis ou invisíveis, à partida, de alguém, seja em que situação for, para quem disputa um concurso ou um lugar ou um emprego.
5. O senhor ministro da educação acha que as crianças não são propriedade dos pais e que o estado lhes dá a educação que entender. Está enganado.
Há muito que aprendi com Khalil Gibran que os “Teus filhos não são teus filhos”. Mas se não são propriedade dos pais muito menos são propriedade do estado.
Até para a semana.
30/10/23
24/10/23
Bésame mucho
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19/10/23
A culpada mais desejada
Mas também sabemos que a liberdade, valor fundamental social e individual, tem de ser limitada pela ordem. E o mesmo se passa com todos ou quase todos os valores que desejaríamos ver implementados...
Como a paz que é mais urgente do que nunca. No entanto, não se trata de uma paz passiva tem que ser uma paz de luta, como no caso de Mahatma Gandhi, lutador da não violência.
O que Freud idealizou foi o modelo de sociedade civilizada...
Para Freud “a guerra traz aos homens civilizados uma desilusão que por sua vez nos introduz numa dupla questão: o Estado que deveria de ser o guardião dos padrões morais, revela a sua baixa moralidade e os indivíduos civilizados demonstram a sua brutalidade.” (p.139)
E aqui chegados vemos o que falta fazer para que as relações entre culturas passem da hipocrisia.
Apesar de todas as críticas que são feitas à Europa civilizada, muitas que, certamente, têm razão de ser, porque será demandada por milhares de pessoas que sofrendo as vicissitudes que conhecemos, enfrentando o desconhecido, estão dispostas a todos os riscos ?
Certamente porque podem usufruir desses valores que nos são comuns que foram construídos ao logo de muitos séculos.
A desilusão de que fala Freud vem de quando não se entendem os valores da liberdade e da paz que passam pelo conflito de ideias, de palavras e de argumentos, das lutas que valem a pena, e nunca da guerra.
Até para a semana.
15/10/23
Ser Pai - um testemunho
"Não me cabe conceber nenhuma necessidade tão importante durante a infância de uma pessoa que a necessidade de sentir-se protegido por um pai”. (Freud)
A frase atribuída a Freud, ganha ainda maior relevo na medida em que também para Freud "a criança é o pai do homem".
As relações entre pai e filho com todas as emoções que foram construídas ao longo dos anos, principalmente emoções positivas, são de grande riqueza e complexidade para o desenvolvimento saudável, para o equilíbrio mental e auto-estima de que necessitamos para viver. É, por isso, que ser pai é muito mais que ser progenitor. É este vínculo que se estabelece para sempre.
Nos tempos actuais, é notória a falta de respeito de alguns filhos para com os pais, quando os mais velhos são atirados para fora da família e de sua própria casa, quando são privados até do bem-estar que conseguiram construir ao longo de muitos anos.
Podemos falar muito de como deve ser o relacionamento entre pai e filhos, sobre a parentalidade, sobre a educação... No fim, é determinante o exemplo dos pais. A modelagem funciona e através dela são aprendidos os valores evidenciados e praticados pelos pais.
A melhor forma de sabermos como os pais educaram está no testemunho dos filhos. Sem dúvida que o orgulho dos filhos mostra bem como a educação que receberam dos pais, mesmo que não seja completamente perfeita nem de acordo com todos os critérios dos educadores encartados, é de resultado eficaz.
Permitam-me que partilhe este texto que tirei do Facebook do João Gonçalves. Não pude deixar de me sensibilizar pela forma como os filhos se referem ao seu pai. Há esperança, afinal, e nem tudo se perdeu na voragem da egoísmo reinante.
“Não sabemos exatamente por onde começar.
Descrever o nosso pai é um pouco difícil nestas horas e acima de tudo, pelo seu caráter complexo, levaria muito tempo a escrever.
O nosso pai foi um bom cristão, um grande jurista, um homem corajoso, íntegro, fiel aos seus valores, inteligentíssimo, cultíssimo, com bom gosto, com jeito para fotografia, com algum jeito para a pintura, muito jeito para escrever mas acima de tudo foi um grande PAI que nos amava muito!
É indescritível o amor do meu pai por nós. Só descrevendo os sacrifícios inimagináveis realizados tanto por ele e pela minha mãe, para que nós pudéssemos ter um futuro digno (e conseguiram!), é que se poderia compreender.
O nosso pai foi, é e sempre será o nosso anjo da guarda!
É com muito orgulho e honra que nós (João Oliveira, Pedro Oliveira e Maria Oliveira) dizemos que somos filho/a do António Augusto Alves de Oliveira!
Obrigado Pai por todos os esforços e pelos sacrifícios incalculáveis !
A tua memória e a tua honra serão para sempre salvaguardadas por nós os 3 (+ mãe) até à morte.
Até sempre Pai. Raul Xaves
Ps: o meu pai tinha o hábito de jogar o Euromilhões todas as terças e sextas, para ver se nos saía um milagre…
Ao falar com o meu irmão hoje eu disse-lhe:
-Tivemos muita sorte em tê-lo como pai.
Respondeu-me ele : eu sei, foi o nosso euromilhoes, e ele jogava essa merda todas as semanas e nós já o tínhamos…”