Não me admira, e creio que não surpreende ninguém, que tenhamos chegado aqui. Os fundamentos não eram fiáveis. Este ciclo de poder foi constituído com base no poder pelo poder. A "geringonça" foi constituída por forças tão diferentes politicamente em que interessou apenas o poder. Porém, há princípios que se devem sobrepor na política, como a liberdade, a democracia, a democracia parlamentar, os direitos humanos, o relevo do social e do indivíduo.
Não ter isto em conta não é derrubar um muro, como foi dito pelo primeiro ministro demissionário, mas um limite, que ultrapassado, nos leva para a incoerência ideológica e para uma prática de interesses.
Por isso, esperava-se o fim deste ciclo mais cedo ou mais tarde, mas não que este desmoronamento político e moral dos líderes pudesse ter lugar numa sociedade livre e democrática.
As pessoas que formam um governo deviam passar por uma selecção mais profunda.
A tónica posta no indivíduo é fundamental porque mesmo que haja instituições democráticas, elas não fazem automaticamente um líder capaz. Como a inversa também pode acontecer.
O perfil de alguns políticos já fazia adivinhar esta instabilidade. Veja-se a insegurança com que as pessoas vivem pelo facto de não terem possibilidades de arrendar uma casa ou de pagar a prestação da respectiva habitação, veja-se insegurança na saúde com um SNS desorganizado, veja-se a escola que não há maneira de os alunos terem todas as aulas e os pais terem descanso...
Em qualquer outra chefia, exige-se um conjunto de características que na minha perspectiva deviam ser exigidas aos governantes mas na realidade parece que são dispensadas.
Há pelo menos sete aptidões psicológicas (
- energia física ou vitalidade, motivação de produtividade, energia psíquica ou poder de concentração,
- inteligência e inteligencia emocional,
- capacidade de apreciação,
- capacidade de decisão,
- integridade pessoal,
- apresentação,
- poder de adaptação.
É ainda importante a motivação ou tendência a chefiar...
"No mundo dos dirigentes verifica-se de vez em quando uma mescla de integridade e intrigas, honestidade e falta de escrúpulos, equilíbrio psíquico e ambição desmedida... Uma mera capacidade técnica, o estar na frente, o rótulo de superioridade colocado ante o nariz dos subordinadas: nada disto é chefia.”
Este é todo um programa que não se aprende nas juventudes partidárias mas com trabalho e esforço na escola, onde se deve aprender política e psicologia política (Devoto, idem, p. 411), no emprego, no meio do povo.
Até para a semana
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