16/04/15

Cães de loiça


A maioria das pessoas gosta de animais, especialmente de cães ou de gatos.  Para muitas pessoas, e em especial para as crianças *, ter um animal proporciona benefícios bem conhecidos a nível psicológico, fisiológico e social.
Nos adultos e nas crianças, os animais 
- proporcionam o aumento da actividade física e o desenvolvimento psicomotor;
- favorecem o relacionamento e o afecto;
- diminuem o stress, a solidão e a ansiedade; 
- proporcionam o convívio familiar;
- melhoram as actividades lúdicas;
- favorecem a socialização e melhoram a aprendizagem de regras sociais;
- ajudam nas terapias e actividades de estimulação em algumas doenças e deficiências proporcionando melhoras físicas, sociais, emocionais e cognitivas.
- melhoram a resistência a algumas doenças (estudos mostram que crianças que tinham animais, até aos cinco anos, se tornam mais resistentes a algumas doenças; enquanto isso, aquelas que não tiveram um animal de estimação, estavam mais propensas a desenvolver alergias e infecções de ordem respiratória). 
- Os animais podem ajudar a desenvolver a responsabilidade social pois requerem cuidados de higiene, alimentação e saúde, para além dos bons tratos, por parte dos adultos ou das crianças.

Para a grande maioria das pessoas, incluindo muitos donos de animais, é insuportável ver o sofrimento que alguns seres humanos infligem aos animais. Mas nem todos são assim. Sabemos que, infelizmente, há animais que são sujeitos a grande sofrimento.
Aliás, a crueldade para com os animais é um sintoma grave nas perturbações de comportamento (DSM).
Há donos de animais que mostram a sua insensibilidade e irresponsabilidade social através dos maus tratos e do abandono dos seus animais.
Em Portugal foram abandonados trinta mil animais, em 2013, e o número duplicou desde 2008.
Muitas destes donos de animais são irresponsáveis sociais: mantêm os animais em prédios, sem condições, nas varandas ao sol e à chuva e sem alimentação
Levam o cão à rua não só para (o) passearem mas para deixarem os excrementos nos passeios, na relva dos jardins ou em qualquer lugar público.
Estes irresponsáveis contam com a tolerância dos outros cidadãos portugueses que apesar de gostarem de ter a sua casa limpa e criticarem severamente quem o não faz, parecem mais insensíveis à bosta de cão do que à falta de limpeza dos vizinhos ou dos familiares. 
Mais grave ainda, estes donos de animais, nem sequer são sensíveis às campanhas publicitárias e ao facto de as câmaras municipais disponibilizarem sacos para esse efeito.
Trata-se de um problema de saúde pública que não os incomoda.
Quando se adquire um animal devemos pensar se temos ou não condições para que esse animal possa ser criado com os cuidados de que necessita.
Por isso, se gostamos de animais e não temos condições, o melhor é compramos cães de loiça, que como diz uma canção bem humorada 
... não sujam os quintais, 
... nunca se vão babar, nem ganir, nem ladrar, nem ferrar os ladrões. 
... não largam pêlos ou pena, nunca roem os sofás...

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* Anne Lanchon, "Mon enfant veut un animal", Psychologies, pag 58, nº 350, com Hubert Montagner, autor de A criança e o animal, Instituto Piaget.

Ver aqui um resumo da legislação.

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