Contamos mentiras o tempo todo. Um estudo de 2002 realizado pelo psicólogo Robert Feldman, descobriu que 60% das pessoas mentiram pelo menos uma vez durante uma conversa de 10 minutos, contando em média duas a três mentiras.
A tendência para mentir está profundamente enraizada na nossa história evolutiva, como acontece com outros primatas.
As crianças adquirem esse comportamento de prever o pensamento da outra pessoa entre as idades de dois e cinco anos, e isso é visto como um marco no desenvolvimento cognitivo (teoria da mente).
Muitas mentiras são triviais e cordiais. As mentiras do quotidiano ou pelo menos as falsidades fazem parte da conversa consumatória que todos usamos e das quais não vem grande mal ao mundo por causa disso, desde mentiras gentis (“estás mais magra!” ou “estás com óptimo aspecto!" ou "tens um cabelo bonito”) a algumas mentiras que fazem parte das nossas rotinas e na sua maioria são de autoprotecção e inconsequentes (“estou a caminho”, “estou quase a chegar”, “havia um acidente na estrada”)...
Mas há mentiras sinistras, como acusar falsamente alguém de um crime ou mentir aos investidores, que podem ter consequências devastadoras.
Acontece também, por exemplo, com a mentira manipuladora na violência doméstica (gaslight).
Outras vezes é a omissão de dados e factos nos documentos que se apresentam nas instâncias que controlam e regulam o funcionamento dos políticos nas democracias.
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(1) Já que nas ditaduras a mentira é a verdade.
(2) Mentir provoca alterações psicofisiológicas: na respiração, nos batimentos cardíacos, começar a suar, a boca fica seca e a voz pode alterar. Alguns desses efeitos são registados no clássico teste do detector de mentiras (polígrafo, máquina da verdade). Ainda assim, pode haver quem minta ao detector de mentiras.
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