Nos dias que correm educar uma criança é uma tarefa difícil. Não sei se mais difícil do que no passado. Não o seria a pensarmos nas inovações que num lar estão ao nosso dispor mas a vida moderna trouxe consigo novas dificuldades e necessidade de adaptação.
Há um ditado africano que diz: para educar uma criança é necessária toda a aldeia. E assim é.
O papel dos avós é inestimável e muitos estão a dar o seu contributo para essa educação como podem, directa ou indirectamente, apoiando financeiramente tomando conta dos netos, levando os netos ao colégio ou à escola, a passear na rua, ao parque infantil...
Por vezes, na rua, cruzo com pessoas que suponho serem avós com os netos e sorrio... Comigo, quando vou com os meus netos, acontece o mesmo e sinto recompensa pelo sorriso destas pessoas. Creio que, no fundo, comunicamos: “está certo o que estás a fazer, estás a desempenhar uma tarefa linda e importante”. Muitas vezes é uma opção. Encontramos nos netos a nossa missão principal como ocupação da nova vida de reformados. É também uma grande viagem à volta de nós próprios. E ainda sobra tempo para fazer turismo, passear por aí, fazer hortiterapia e estar com os amigos...
Estar com os netos, traz também uma grande compensação ao vermos como crescem e se desenvolvem, de que fazem parte momentos difíceis e fáceis, de prazer e alegria, de tristeza e ansiedade, de emoção e afeto, de negação e birras. A alegria dos primeiros passos, as primeiras corridas, as primeiras palavras, as primeiras letras, os primeiros números, o primeiro amigo.
Como escrevia Walt Whitman, em tudo isto o menino se transforma e passa a fazer parte dele.
É a nossa vida que passa para a vida deles. É a continuidade que vem dos antepassados e que está ali a renovar-se em cada dia. Nada paga esta experiência, esta sensação de que fazemos parte da cadeia, somos um elo vital fundamental mas que nos faz aprender a ser humildes perante tanta dádiva de Deus e da Natureza que nos inunda os dias de felicidade.
Revemo-nos nas palavras de Daniel Sampaio em A Razão dos avós: “Um momento significativo ocorre quando os avós vão buscar os netos à escola. É curioso observar como o fazem: sem pressas, com tranquilidade, por vezes com algum excesso de gratificação. Contrastam com a ansiedade de alguns pais que chegam a deixar o carro mal estacionado e se precipitam em recomendações e perguntas a que as criança respondem como podem. Os avós chegam cedo, esperam a hora de saída e passam pela pastelaria da esquina onde oferecem o lanche ou contribuem com uns euros para a coleção de cromos.”(p.86)
Os avós vivem agora mais tempo e com mais qualidade de vida. Já não correspondem muitas vezes às imagens dos livros e as novas tecnologias são ferramentas que muitos dominam.
Há toda uma interacção benéfica para ambos – avós e netos - e não podemos dispensá-la da educação das crianças deste tempo.
Até para a semana.
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