É horrível, de todos os pontos de vista, que se tenha chegado aqui.
É impensável, inacreditável, inaceitável... todas os adjectivos de descrença se aplicam a esta forma de resolver os conflitos entre pessoas, organizações e nações.
Não há alternativa para a paz. A guerra é uma forma obsoleta e errada de resolver conflitos: não resolve nada e, pelo contrário, ainda produz a escalada do conflito sempre mais perigosa e violenta do que a etapa anterior.
Os comportamentos pessoais violentos no processo conflituoso são facilitados nos regimes autoritários em que não há alternativas.
Nas democracias os conflitos* resolvem-se por acordos em que todos podem e devem ganhar porque desde logo a paz é um ganho.
A liberdade e os processos democráticos fazem com que os líderes sejam substituídos sem dramas e há sempre alternativas às posições radicais e extremadas.
Se olharmos para o mundo, vemos que, onde não há democracia, os conflitos internos ou externos, estão sistematicamente presentes com grande violência chegando mesmo à rotura da guerra.
Estes líderes autoritários mostram grande incompetência do ponto de vista racional e emocional.
Podemos estar a lidar com psicopatas ou sociopatas, certamente estamos a lidar com pessoas com perturbação narcísica da personalidade.
O líder autoritário – o ditador - faz ameaças aos seus adversários e a todo o mundo para impor os seus pontos de vista, encontra justificações históricas para apoiar as suas decisões irracionais, uma espécie de história do cordeiro e do lobo, em que a acusação acaba por ser sempre: “se não foste tu, foi teu pai”.
O líder autoritário é um incompetente comunicacional. Começa por se vitimizar e passa a agressor facilmente - até ao limite da irracionalidade da guerra - com a promessa de salvar os que ataca, das mãos dos supostos inimigos. (modelo de Karpman)
O líder autoritário é um incompetente emocional. Não se emociona com o sofrimento dos outros. Não tem empatia. Importa-se apenas com a satisfação das suas ambições.
Aquilo que do ponto de vista etológico faz recuar qualquer ser humano, para o líder autoritário nada disso interessa. Ver o sofrimento duma criança é só por si, dissuasor da violência. As imagens de crianças em fuga levadas pelas mães, que não compreendem o que está a acontecer, não entendem o que é a guerra, não entendem porque estão a lutar uns contra os outros, não compreendem a maldade que lhes rouba os pais, os amigos, a escola, as brincadeiras, porque têm de fugir para onde o barulho das bombas deixe de se ouvir...
O sofrimento do outro resvala na carapaça de indiferença, de frieza, sem empatia, porque ele tem uma missão a cumprir que só ele sabe qual é e lhe foi auto-confiada, e, por isso, elimina fisicamente os adversários um a um, em qualquer lugar do mundo e, através das organizações do estado autoritário, controla a liberdade das pessoas, da informação e comunicação livres...
O que se segue à devastação da Ucrânia ?
É urgente que a liberdade e a democracia façam parar estes líderes autocráticos e falhados.
Até para a semana, com muita paz.
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* Falamos de conflito numa organização "quando uma parte (um indivíduo ou um grupo) percebe o outro como um obstáculo à satisfação das suas preocupações, o que vai levar a um sentimento de frustração, o que poderá conduzir posteriormente a reagir face à outra parte." Alain Rondeau, La gestion des conflits dans les organizations" in Chanlat, J-F, L'individu dans l' organisation , les dimensions oubliées, pag.508.
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