ZAZ e Aznavour - Java bleue
ZAZ e Aznavour - Java bleue
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* Como se constatou com o programa Head Start.
Os fringe benefits (benefícios sociais, acção social complementar ou benefícios adicionais) (1) são um subsistema de apoio social das organizações que visa complementar necessidades permanentes ou de emergência ou, ainda, uma regalia dos seus trabalhadores.
São muitas vezes uma maneira de complementar, em espécie ou com subsídios, os salários dos trabalhadores (remuneração indirecta). (2)
Têm como objectivos fundamentais:
- esbater as diferenças salariais dos trabalhadores, na medida em que todos têm acesso aos serviços e prestações sociais concedidas.
- motivar para o trabalho e manter a motivação na organização.
- contribuir para a estabilidade familiar dado que os apoios se verificam em relação a pessoas mais frágeis, crianças, idosos, famílias com carência económica.
- proteger as franjas menos remuneradas e mais carenciadas dos profissionais da organização.
- diferenciar e prestigiar a organização e servir de atractividade no recrutamento de pessoal e manter a continuidade dos trabalhadores na empresa.
- contribuir para o bem-estar dos trabalhadores através de actividades culturais, desportivas, de férias e lazer...
Os benefícios sociais existem em praticamente todas as empresas e organizações (3), privadas ou estatais, como instrumento da gestão para melhorar o desempenho e a motivação e dessa forma aumentar a produtividade.
O estado é a maior organização empresarial do país. Como tal criou serviços de acção social complementar para os trabalhadores nos vários ministérios governamentais.
Os actuais serviços sociais da administração pública (SSAP) são o resultado da fusão de vários de serviços sociais de vários ministérios, como os serviços sociais da presidência do conselho de ministros, do ministério da saúde, da educação ....
Também nas empresas privadas foram criados benefícios sociais como seguros de saúde, actividades de animação sócio-cultural e desportiva como os CCD (Centros de cultura e desporto), para além de serviços públicos de acção social complementar como o Inatel, as pousadas de juventude ...
Muitos destes serviços sociais são também responsáveis pela assistência na saúde como os SAMS dos bancários ou os serviços sociais da CGD, das forças armadas, forças de segurança, de muitas empresas...
A responsável do governo para a Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, foi pouco sensata ao querer criar uma residência para alunos do ensino superior, em Lisboa. Certamente a ministra podia fazê-lo, se se entendesse que este apoio correspondia a uma necessidade dos beneficiários. E corresponde. Porém não teve em conta o timing, a situação real das necessidades de todas as famílias portuguesas com alunos que têm de se deslocar para estudarem na universidade, numa área em que há imensas carências de residências para estudantes. Por outro lado, nesta área há alternativas para esta necessidade como o subsídio de estudos.
Claro que por tudo isto, a governante foi contestada e nem se esperava outra coisa. Pena é que a contestação seja aproveitada para atacar os chamados privilégios dos funcionários públicos...
Apesar do que disse sobre a necessidade e importância dos benefícios sociais, que os justificam, são, de facto, um privilégio. Mas é da sua natureza serem um privilégio.
Assim, há que ser claro. Ou eles existem nas organizações como contributo para a melhoria da qualidade de vida dos seus trabalhadores e com vantagens para as organizações ou, então, imponham limites ao seu âmbito de actuação ou, finalmente, acabem com eles mas assumam essa responsabilidade pelas consequências daí resultantes. *
Até para a semana.
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(1) Idalberto Chiavenato, Administração de recursos humanos, vol. 3, Ed. Atlas, 1985, cap. 2 - Planos de benefícios sociais, pags 100-112.
(2) Normalmente estes serviços são sustentados com verbas do orçamento do estado mas também são comparticipados pelos beneficiários. Aliás nenhum serviço deve ser gratuito (I. Chiavenato, pag. 110).
* Nota - Tenho uma visão muito positiva dos fringe benefits. Fui e sou beneficiário de alguns serviços sociais. Trabalhei como técnico superior (psicólogo) nos Serviços Sociais da Presidência do Conselho de Ministros (SSPCM) de 1987 a 1991.
As manifestações do 1º de Maio em Bruxelas, Paris e um pouco por todo o lado, apesar do controle dos respectivos aparelhos político-sindicais dos partidos, acabam quase sempre na maior das confusões entre várias facções e destas com as forças da ordem ...
Estas manifestações, em regimes democráticos, deviam ter um clima reivindicativo um clima de alegria, paz, confraternização entre todos os trabalhadores ... ao contrário são marcadas pela violência entre manifestantes, contra a propriedade privada mas também a pública, violência contra a polícia ...
Movimentos e grupos sociais velhos ou novos, radicais, mas com ideias feitas, dos velhos anarquistas aos novos grupos de “acção directa”, facciosos das novas formas de violência climática, populistas, patrulheiros da linguagem e dos costumes, dos hábitos alimentares, envolvem-se nesta intervenção violenta.
Claro que há no meio desta gente pessoas bem intencionadas que se vêem envolvidas nesta gelatina de ideias feitas, indisciplinada, sem regras, onde vale tudo, que se sente abrangida pela impunidade já que o poder, mesmo democrático, tem receio de enfrentar estas ideias “taxativas”, como se dizia em Maio de 68: “é proibido proibir”.
José Ortega e Gasset, em 1930, há mais de 90 anos, fez a compreensão deste fenómeno e deu a resposta à questão. Escreve:
.”.. creio que as inovações políticas dos mais recentes anos não significam outra coisa senão o império político das massas. A velha democracia vivia temperada por uma dose abundante de liberalismo e de entusiasmo pela lei.
... Democracia e Lei, convivência legal, eram sinónimos. Hoje assistimos ao triunfo de uma hiperdemocracia em que a massa actua diretamente sem lei, por meio de pressões materiais, impondo suas aspirações e seus gostos. “
O cap. VIII da Rebelião das massas * tem justamente o título: "Por que as massas intervêm em tudo, e por que só intervêm violentamente".
É assim porque o “homem médio” tem "ideias" taxativas sobre quanto acontece e deve acontecer no universo. Por isso perdeu o uso da audição. Só se ouve a si próprio e é cego e surdo para a opinião dos outros.
Estas “ideias" taxativas não significam exactamente cultura. Refere Gasset: “O que digo é que não há cultura onde não há normas a que se possa recorrer. Não há cultura onde não há princípios de legalidade civil a que apelar. “...
“Quando faltam todas essas coisas, não há cultura; há, no sentido mais estrito da palavra, barbárie. E isto é, não tenhamos ilusões, o que começa a haver na Europa sob a progressiva rebelião das massas." (p.136-137)
Donde vem tudo isto?
Gasset refere: “aqueles grupos sindicalistas e realistas franceses por volta de 1900, inventores da maneira e da palavra "ação directa". (p. 139)
Estes grupos de "acção directa", de facto, estão em tudo, são violentes e não se pode questionar as “ideias” do homem-massa seja sobre o que for: o clima, a história, o racismo, o colonialismo, a escravatura, as políticas, os comportamentos...
Até para a semana.
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