“Não é não!” Tem sido à volta desta frase que a política tem acontecido desde que este governo exerce funções. Não é suficiente um não, é necessário reforçar a todo o momento a assumpção desse comportamento, ou seja, de que há linhas vermelhas que não querem ultrapassar.
Temos assistido, incrédulos, a uma “negociação” orçamental onde a descomunicação é que mais ordena e mais despreza qualquer eficácia.
De fora, as pessoas reforçam a experiência de que em política se pode fazer todas as promessas, declarações, propósitos mas quando se chega ao poder (executivo, legislativo...), se pode mudar de atitude, de comportamento, a qualquer momento, dependendo de interesses políticos pontuais ou conjunturais. Como no humor de Groucho Marx: “Esses são os meus princípios. Se não gostar, eu tenho outros.” (1)
Também não deixa de ser curiosa a frase de uma ex-ministra (A. Leitão, 2022), que afirmou: “a assertividade é mais prejudicial às mulheres na política e na vida”. Afinal ser assertivo é bom para os homens! Pelo contrário, ser assertivo é, de facto, fundamental nas nossas relações e interacções com os outros.
A assertividade, tal como a inteligência emocional e a empatia, é um dos factores que concorre para uma comunicação eficaz.
Podemos dizer que a assertividade "é o conjunto de condutas emitidas por uma pessoa num contexto interpessoal que expressam os sentimentos, as atitudes, desejos, opiniões e direitos dessa pessoa de um modo directo, firme e honesto, respeitando ao mesmo tempo sentimentos e atitudes, desejos, opiniões e direitos das outras pessoas" (Xavier Guix, Ni me explico ni me entiendes, p. 120)
Desta forma simples, a assertividade parece uma palavra mágica que resolve todos os problemas de comunicação.
A internet oferece-nos essa magia com muitas soluções, regras, leis, estratégias, para se ser assertivo. (2)
“Ora o que é mágico nem sempre funciona , nem é do gosto de todos. Não existe uma única forma no mundo de comportar-se assertivamente mas uma série de estratégias que podem variar segundo a pessoa, o contexto, a sociedade e a cultura em que se vive” (p. 121)
Perante qualquer situação, mesmo que gere ansiedade ou tensão, podemos responder com passividade, com agressividade ou então com assertividade. (3)
Por isso, a assertividade é importante na nossa vida familiar, no trabalho, na política, e, particularmente, quando a comunicação é difícil, como em situações de ansiedade ou outras situações perturbadoras.
Podemos aprender a desenvolver estratégias assertivas nas interações com os outros, como refere X. Guix (p. 131-133 ): - Ter propósitos claros: O que realmente quero fazer.
- Evitar os pensamentos automáticos.
- Analisar a posição do outro.
- Tratar as nossas convicções como hipóteses.
- Ver a situação de fora.
- Ter, a priori, dúvidas positivas: partir do que se tem em comum, daquilo em que o outro tem razão, parece ser um bom começo.
- Atender à forma de verbalizar.
Sobre este último aspecto podemos ver a complexidade que requer ser assertivo:
- Ser claro e preciso.
- Implicar-se pessoalmente. Usar o “Eu” em vez do “Eles”.
- Saber implicar o outro: gostei da forma como o outro cooperou na reunião.
- Mostrar-se educado e cordial: dar e receber feedback.
Até para a semana.
___________________________
(1) "Afinal, Portugal raramente foi mais do que «isto»" . Maria João Avillez considera que não há um português que suporte um minuto mais “disto”.
(2) Desenvolver a atitude assertiva e ser mais feliz nas relações interpessoais
(3) Podemos avaliar se somos mais agressivos ou assertivos, como no Teste de assertividade de Rathus.