21/12/24
11/12/24
Um hino à alegria
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07/12/24
Natal – tempo de afectos
Vivemos mais um tempo de Natal, tempo mágico em que a luz, a árvore, a música e tantos outros símbolos, que estão um pouco por todo o lado, nos apelam para a renovação e transformação da nossa vida e nos reconfortam com expectativas de emoções e sentimentos mais conformes às necessidades de equilíbrio e homeostasia na nossa vida.
Os nossos sentimentos estão associados às vivências sociais e à cultura deste tempo: Paz, união, amor, saúde, perdão, gratidão, felicidade, prosperidade, solidariedade e fé, são algumas palavras que usamos para os expressar.
A nossa vida seria impensável sem estes sentimentos. Como refere António Damásio: sem sentimentos “seria impossível classificar quaisquer imagens como belas ou feias, agradáveis ou dolorosas, de bom gosto ou vulgares, espirituais ou terrenas.” Diz ainda A. Damásio que “são os sentimentos que nos guiam, que servem de bússola ao nosso comportamento.” (Entrevista de J-F Marmion a A. Damásio "Les raciones biologiques de la Culture", Le cercle psi, p.67)
A nossa vida tem na base um funcionamento homeostático de cujo mecanismo fazem parte os sentimentos que nos ajudam a compreender a nossa vida social e cultural.
Se a nossa vida for comparada a uma árvore temos na parte inferior a regulação metabólica, os reflexos básicos, as respostas imunitárias.
Nos ramos maiores, os comportamentos de dor e prazer e, nos ramos mais finos, as pulsões, motivações e emoções e, finalmente, os sentimentos.
Para A. Damásio, “a homeostasia (esse conceito da biologia definido como um processo de regulação pelo qual um organismo consegue a constância do seu equilíbrio) aplica-se à expressão do nosso sentimento pessoal, e estende-se facilmente à família e à tribo mais próxima. O problema é quando esse estado tem de se alargar a milhares de pessoas. Aí conseguir o equilíbrio é muito mais difícil. Isso explica por exemplo o recrudescimento dos extremismos na Europa. A única solução, insisto, é educar. Para que o nosso sentimento seja o de aceitar o outro.” (Teresa Campos, Uma aula com António Damásio, Visão, 31.10.2017)
Apenas um pequeno grupo dos sentimentos funcionam negativamente. É, por isso, chocante que vivências negativas como é o caso da guerra, da violência, da dor e do sofrimento, em especial daquele que atinge os mais desprotegidos, como as crianças, estejam tão presentes na nossa historia recente.
Os desequilíbrios não têm fim, e há quem continue apostado num caminho desequilibrado, em que os sentimentos negativos se vão prolongar nefastamente por várias gerações, dificultando, não só a nível físico, a reparação das infraestruturas destruídas mas, mais profundamente, a reparação das estruturas mentais como os sentimentos de cada vítima da guerra...
O problema é, então, como ultrapassar os sentimentos negativos: a raiva, a vingança, a desconfiança: quando volta a acontecer, quando surge outro ditador, quando teremos, finalmente, Paz.
Dito de outra maneira, como e quando será reposta a homeostasia, essa capacidade de a vida se manter e se desenvolver porque o nosso fito é continuar vivos e pensar no futuro ? (TC, idem)
Os sentimentos que nos vêm da luz, do brilho, da presença, dos abraços deste tempo são o desejo de felicidade para o Natal e de prosperidade para o próximo Ano!
Até para a semana.